Ministra angolana pede “bom senso” para o fim da crise na Ordem dos Médicos

4 de Janeiro 2021

A ministra da Saúde angolana apelou esta segunda-feira ao "bom senso" para que os médicos ultrapassem a crise que se vive na Ordem dos Médicos de Angola (Ormed), cuja bastonária, destituída em outubro passado, recusa abandonar o cargo.

“Nós temos que trabalhar com todas as classes de profissionais e vamos aqui apelar apenas ao bom senso. Estamos num momento difícil em que todos somos necessários para o trabalho que temos pela frente”, afirmou hoje Sílvia Lutucuta, quando questionado pela Lusa, sem entrar em detalhes.

A ministra angolana falava hoje aos jornalistas, em Luanda, no final da cerimónia de receção de material de biossegurança e testes da Covid-19 doados pela União Europeia.

Para a responsável, a ausência da bastonária, destituída em assembleia-geral extraordinária, configura-se numa “manobra dilatória para impedir que os interesses da classe que ela diz defender prevaleçam”.

O conselho regional norte da Ormed aprovou, em 17 de outubro de 2020, a destituição de Elisa Gaspar, devendo ser promovidas novas eleições em 90 dias.

De acordo com a deliberação aprovada no final da assembleia-geral extraordinária, além da destituição foi também decidido criar uma comissão de inquérito para analisar as irregularidades e promover uma auditoria independente.

Elisa Gaspar, há mais de um ano no cargo de bastonária da Ormed, é acusada de “descaminho de fundos e gestão danosa” da instituição, entre os quais um alegado desvio de 19 milhões de kwanzas (256 mil euros), e de “outros gastos injustificados”.

A médica Elisa Gaspar nega todas as acusações.

Uma comissão de gestão da Ormed, que emana da assembleia geral extraordinária, está em funções desde 03 de dezembro de 2020, na sequência de uma cerimónia de posse, reconhecida como “atípica”, sem a presença da bastonária destituída.

A médica Arlete Nangassole é a coordenadora da comissão de gestão da Ordem dos Médicos de Angola.

Em outubro passado, Elisa Gaspar disse ter encontrado uma dívida de 21 milhões de kwanzas naquele órgão, garante continuar no cargo e prometeu avançar com duas queixas-crime contra o conselho regional norte, que promoveu a assembleia geral extraordinária, por “calúnias”.

Por duas vezes, em novembro e dezembro, médicos angolanos que aprovaram a destituição da bastonária foram impedidos pela polícia de aceder às instalações da Ormed por alegadas ordens de Elisa Gaspar.

LUSA/HN

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