Lumasiran aprovado União Europeia para o tratamento da hiperoxalúria primária tipo 1

4 de Janeiro 2021

A farmacêutica Alnylan recebeu esta quinta-feira a aprovação da Comissão Europeia ao Lumisaran como tratamento para a hiperoxalúria primária tipo 1 (HP1), uma doença caraterizada pela produção excessiva de oxalato, em todas as fases etárias.

A aprovação na União Europeia é baseada nos resultados de segurança e eficácia dos estudos de Fase 3 ILLUMINATE-A e ILLUMINATE-B do lumasiran. No primeiro, realizado em adultos e crianças com seis ou mais anos de idade, o lumasiran alcançou o parâmetro de avaliação primário com uma redução média de 53% de oxalato na urina comparativamente ao placebo e demonstrou uma redução média de 65% de oxalato na urina comparativamente ao início do tratamento.

Oitenta e quatro por cento dos doentes alcançaram níveis de oxalato na urina normais a ou quase normais e mais de metade dos doentes (52%) alcançou a normalização, em comparação com zero por cento no grupo placebo.

Os resultados do estudo principal ILLUMINATE-A foram apresentados em junho de 2020 no Congresso Internacional virtual da European Renal Association-European Dialysis and Transplant Association (ERA-EDTA).

A HP1 é uma doença órfã rara caraterizada pela produção excessiva de oxalato, que pode resultar em doença renal em fase terminal (ESRD) potencialmente fatal e outras complicações sistémicas. A heterogeneidade na manifestação da doença contribui frequentemente para atrasos no diagnóstico, especialmente em doentes adultos com HP1, com um tempo mediano desde o início dos sintomas até ao diagnóstico de aproximadamente seis anos.

A HP1 não tratada resulta em danos renais progressivos. Os doentes com doença renal avançada requerem diálise intensiva para ajudar a filtrar os produtos de resíduos, incluindo o oxalato, do sangue até conseguirem e serem elegíveis para receber um transplante hepático/renal duplo ou sequencial.

“Até agora, não havia quaisquer opções de tratamento aprovadas para a HP1 na Europa, pelo que isto é um marco com potencial para mudar as vidas das pessoas diagnosticadas com esta doença ultrarrara e debilitante, muitas das quais são bebés e crianças, e das suas famílias. O lumasiran irá resolver a necessidade urgente não satisfeita que existe para os doentes com HP1”, afirmou John Maraganore, CEO, Alnylam Pharmaceuticals.

Segundo a Alnylan, o lumasiran é uma terapêutica de ARNi que tem como alvo o ARNm do hidroxiácido oxidase 1 (HAO1) que codifica a glicolato oxidase (GO), uma enzima a montante do defeito que causa a doença na HP1. Ao degradar o ARNm do HAO1 e ao reduzir a síntese da GO, o lumasiran interrompe a produção de oxalato, o metabolito tóxico que contribui diretamente para as manifestações clínicas da HP1.

“A HP1 afeta doentes de todas as idades. É particularmente devastadora quando os bebés nascem com esta condição e desenvolvem insuficiência renal nos primeiros meses de vida. Os doentes com HP1 desenvolvem cálculos renais a partir da produção excessiva de oxalato e, em muitos deles, verificamos um declínio progressivo da função renal, que, em última instância, pode resultar em doença renal em fase terminal potencialmente fatal. Até há pouco tempo, as únicas opções de tratamento disponíveis eram o transplante combinado de fígado e rins, com a vitamina B6 a abrandar a insuficiência renal num número limitado de doentes sensíveis”, afirmou Sally- Anne Hulton, nefrologista pediátrica consultora, do Birmingham Women’s and Children’s Hospital NHS Trust, no Reino Unido.

“O lumasiran proporciona a quem trata crianças e adultos com HP1 uma nova opção terapêutica para combater a causa raiz desta doença e prevenir a produção de oxalato.  Os dados mostram reduções significativas e sustentadas de oxalato na urina e no plasma, com um encorajador perfil de segurança e tolerabilidade, dando-nos esperança para melhorar os cuidados destes doentes.”

PR/HN/João Marques

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