Cancro do pulmão está a aumentar entre as mulheres jovens

7 de Março 2023

No âmbito do Dia Internacional da Mulher, o Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão (GECP) alerta para o aumento de diagnósticos de cancro do pulmão no sexo feminino, com uma campanha digital de sensibilização para a cessação dos hábitos tabágicos e adoção de medidas preventivas.

Apesar de historicamente o cancro do pulmão ter sido sempre mais prevalente no género masculino, nos últimos 40 anos os homens tiveram uma redução de 36% em novos diagnósticos, enquanto as mulheres tiveram um aumento de 84%. Esta tendência foi fortemente desencadeada pelas campanhas da indústria do tabaco, explica o GECP.

Um dado particularmente preocupante é que, nos últimos anos, o cancro do pulmão tem vindo a aumentar nas mulheres jovens. Na faixa etária compreendida entre os 30 e os 49 anos, ultrapassa já a incidência dos homens em vários países desenvolvidos. Neste subgrupo, existe uma importante percentagem de mulheres com cancro do pulmão que não são fumadoras, reforçando assim a importância de outros fatores para além do tabagismo.

O fumo passivo, por exemplo, é um fator de risco relevante para mulheres não fumadoras, visto que 64% das mortes por cancro do pulmão associadas ao fumo passivo correspondem a mulheres. Está ainda a ser estudada a hipótese de as mulheres poderem ter diferentes fatores de risco genético para cancro de pulmão, como não serem capazes de reparar o ADN danificado ou terem genes anormais relacionados com o desenvolvimento de cancro. Também está a ser investigada a eventual influência de fatores hormonais, como é o caso do papel dos estrogénios.

“Neste Dia Internacional da Mulher queremos sensibilizar o público em geral, e em particular o feminino, para esta tendência preocupante. Uma vez que as mulheres jovens não fumadoras não são habitualmente consideradas como parte do grupo de risco para esta patologia, é importante reconhecer os sintomas que devem motivar o recurso ao médico, bem como realizar check-ups regulares que, por sua vez, vão possibilitar diagnósticos precoces com maiores probabilidades de sucesso e cura”, refere Carina Gaspar, pneumologista e membro do GECP.

Com esta campanha, o GECP pretende ainda alertar que não fumar continua a ser a melhor maneira de evitar o cancro do pulmão. Além do tabaco, também os novos dispositivos, como os cigarros eletrónicos e o tabaco aquecido, devem ser evitados. Limitar o tempo que se passa em espaços onde se fica exposto ao fumo passivo é outra das recomendações do GECP, bem como praticar exercício físico e optar por uma alimentação equilibrada.

“A somar a todos os benefícios que deixar de fumar traz à nossa saúde, nunca é demais relembrar que a cessação tabágica também provoca mudanças visíveis em alguns aspetos físicos, tais como a aparência da pele, o cabelo mais brilhante e os dentes menos amarelos”, acrescenta Carina Gaspar.

Para o GECP, é ainda essencial que toda a comunidade médica, e em especial a Medicina Geral e Familiar, esteja fortemente envolvida na prevenção e diagnóstico precoce desta patologia, uma vez que ainda não existe rastreio implementado a nível nacional. É também importante a adoção de medidas que continuem a desincentivar a iniciação do consumo e a promover a cessação tabágica.

PR/HN/RA

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