Na reunião sobre a evolução da epidemia em Portugal, que reuniu hoje especialistas e a classe política, no Infarmed, em Lisboa, Óscar Felgueiras, da Administração Regional de Saúde do Norte e professor na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, apresentou “um plano para a redução das medidas restritivas”.
“Pegando naquilo que têm sido os patamares a nível concelhio, tivemos uma definição de incidência acima de 14 dias de 960 [casos por 100 mil habitantes] como extremamente elevado, 480 muito elevado, 240 elevado e abaixo moderado”, adiantou o matemático.
O que Óscar Felgueiras propõe em termos de incidência a 14 dias, e tendo em conta o consenso chegado ao valor de 240 por 100 mil habitantes, é o de assumir cinco patamares de risco.
O patamar de “risco 5” (elevado) seria equivalente a 240 casos por 100.000 habitantes e o patamar de “risco 4″ (alto) de 120 casos/100 habitantes.
Os patamares de “risco 3” (médio) seria de 60 casos por 100 mil habitantes, de “risco 2” (baixo) de 30/100 mil e “risco 1” (muito baixo) era o equivalente a zero casos.
“O objetivo é atingir um nível abaixo dos 60 casos por 100 mil habitantes a 14 dias numa situação em que haja uma certa estabilidade”, salientou.
Óscar Felgueiras observou que no final de outubro se entrou “numa zona vermelha”, onde a incidência de 14 dias subiu para um patamar acima dos 240 casos por 100 mil habitantes.
Para tentar evitar esse tipo de situação, propôs usar-se “um indicador adicional” que poderá ser o crescimento a 14 dias. O crescimento que é “mais estável” e, tendo em conta os patamares de baixa incidência propostos, acaba por “conferir mais estabilidade à adoção de medidas”.
Para o investigador, uma aceleração do número de casos deve aumentar o patamar de risco, propondo que a partir de 240 casos seja o patamar máximo.
“Nos 120 [casos] com um crescimento de 30% há um salto do patamar quatro, para o cinco e por aí fora, sendo que nos patamares mais baixos eventualmente a situação pode diferir no sentido em que há uma linha verde nos patamares mais baixo”.
O que o plano propõe é que haja a possibilidade de o indicador de risco reduzir: “Com um crescimento negativo de 30% baixar-se-ia um patamar de risco, com um crescimento acima de 60% isso implicaria uma subida de dois patamares de risco, exceto no nível de incidência mais baixo, onde por vezes existem perturbações pequenas que não tem demasiada expressão”.
A situação viável é estar no “risco 2”, que será essencialmente uma situação continuamente controlada em que se está já ou nos 60 casos 100 mil habitantes a 14 dias ou a aproximar-se, que é “a situação atual”.
“Portanto, estamos no patamar de ‘risco 3’ nesta classificação, a aproximar do dois, ainda que recentemente tenha havido uma desaceleração do decréscimo e, portanto, não é óbvio se vamos passar já para o nível dois”, declarou.
Analisando a evolução deste indicador ao longo do tempo, diz que se observou um nível de risco máximo no dia 10 de outubro, o que no seu entender exigiria medidas.
Defendeu também que a incidência concelhia deve ser sempre um indicador a monitorizar e a merecer intervenção das unidades de saúde pública.
Lusa/HN
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