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Filipa Prata: Vacinas e regras básicas de higiene são essenciais na prevenção da meningite
Além das vacinas, as regras básicas de higiene, como a lavagem frequente das mãos, são fundamentais na prevenção da meningite, afirma a pediatra Filipa Prata, do Hospital de Santa Maria.
HealthNews (HN) – Qual é a importância do diagnóstico precoce da meningite para uma intervenção médica de sucesso?
Filipa Prata (FP) – O diagnóstico clínico depende um pouco dos diferentes grupos etários. Os bebés, habitualmente, apresentam um quadro clínico inespecífico. Como não nos conseguem dizer se têm dores de cabeça ou outro dos sintomas típicos da doença, o diagnóstico assenta na suspeita e na observação de vários sinais: prostração, apatia, choro, irritabilidade, intolerância ao ruído, febre (ou não), recusa alimentar e, nos casos mais graves, convulsões.
Na criança mais velha, temos os sinais e sintomas típicos da meningite: cefaleias, febre, vómitos, hipersensibilidade ao ruído, fotofobia, rigidez da nuca e os sinais meníngeos.
Sempre que suspeitamos de meningite, é obrigatória a realização de uma punção lombar, que pode ser precedida de uma TAC se houver sinais de convulsões ou de paralisia dos pares cranianos. O diagnóstico definitivo é feito em função das alterações que surgem no líquido cefalorraquidiano (líquor).
Quanto mais precoce for feito o diagnóstico e mais cedo for instituída uma terapêutica correta, maior é a probabilidade de cura sem sequelas.
HealtNews – Apesar das vacinas e dos cuidados dos pais, ainda continuam a morrer crianças…
FP – Mas muito menos. Com as vacinas, as meningites bacterianas diminuíram imenso!
Existem várias vacinas que previnem a meningite, seja bacteriana ou viral. A vacina contra o meningococo B foi incluída no Programa Nacional de Vacinação (PNV) para os bebés a partir dos dois meses, embora também possa ser feita pelas crianças mais velhas, apesar de não fazerem parte do grupo abrangido pelo PNV. A vacina contra o pneumococo previne contra 13 tipos de pneumococos, ou seja, aqueles que são mais frequentes. Mas, claro, não abrange todos.
É certo que não existem vacinas para todos os vírus que provocam meningite viral mas, ao contrário da meningite bacteriana, estas formas, embora mais frequentes, são menos graves, com menos risco de mortalidade e de sequelas.
Com as vacinas, as meningites bacterianas diminuíram imenso.
Apesar da diminuição do número de casos, não podemos deixar de referir que esta é uma situação grave, com sequelas permanentes para toda a vida, e que nalguns casos é prevenível pelas vacinas que existem contra os agentes que causam meningite.
HN – Como é que os novos diagnósticos por PCR podem ajudar na abordagem desta doença?
FP – Podem ser muito úteis para identificação do agente que causou a meningite. Se for provocada por um vírus, as alterações observadas no líquor são diferentes de uma meningite bacteriana. Para sabermos de que vírus se trata, os novos métodos por PCR são importantes porque nos ajudam a identificar o vírus responsável pela doença.
Em termos da meningite bacteriana, pedimos a cultura do líquor para isolar o agente e confirmar se é sensível ao antibiótico com que a criança está medicada. Quando não se consegue, também podemos pedir uma PCR para perceber se o agente é, ou não, uma bactéria.
HN – Quais as principais medidas preventivas da meningite, para além das vacinas?
FP – É essencial vacinar a criança com as vacinas do Programa Nacional de Vacinação e algumas extra-plano, de acordo com a recomendação do pediatra.
Por outro lado, devemos ter sempre presente as regras básicas de higiene, tais como a lavagem frequente das mãos. Com a pandemia, registou-se uma grande diminuição das doenças infeciosas porque as pessoas passaram a desinfetar frequentemente as mãos com álcool e a utilizar máscara.
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