“O Governo tem aqui uma oportunidade para adaptar a matriz de risco àquelas que são as necessidades do país e à sua situação epidemiológica”, defendeu Miguel Guimarães em declarações à Lusa, no dia em que o grupo de peritos que aconselha o Governo sobre a epidemia propôs que se mantivesse o atual modelo de “linhas vermelhas” de avaliação da pandemia.
Segundo o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), a atual matriz, que assenta na incidência de novos casos de Covid-19 por cem mil habitantes e no índice de transmissibilidade (Rt) do vírus, “foi muito bem definida” numa altura em que existia uma grande pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde.
“Obviamente que a vacinação [contra a Covid-19] veio acabar com esta matriz de risco. O modelo de matriz de risco acaba por ser vítima do sucesso da vacinação”, salientou o médico, para quem “ter um aumento do número de infetados e do Rt não chega para se tomar determinado tipo de decisões”.
De acordo com Miguel Guimarães, a matriz de risco de análise da evolução da pandemia deve, assim, incluir a “gravidade da situação que é avaliada pela pressão sob o Serviço Nacional de Saúde nos internamentos em enfermaria, nos cuidados intensivos e nos óbitos”.
Além disso, deve integrar critérios associados à capacidade de resposta, em “função das variantes [do vírus SARS-CoV2], da cobertura vacinal com as duas tomas e das infeções em pessoas já vacinadas”, preconizou o bastonário.
“Esta readaptação da matriz de risco, que vamos ver se acontece ou não, mantém sempre a necessidade da adesão às medidas de prevenção e controlo, como o uso de máscara, o distanciamento físico e higiene das mãos” até se atingir a imunidade de grupo, ou seja, mais de 70% da população vacinada, sublinhou.
O grupo de peritos que aconselha o Governo sobre a epidemia da Covid-19 defendeu hoje que deve manter-se a matriz de risco das “linhas vermelhas” de avaliação da incidência acumulada de casos e do Rt.
“O grupo de peritos propõe manter a atual matriz de risco”, afirmou a especialista Andreia Leite, da Escola de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, na reunião periódica de análise da situação epidemiológica do país, que junta no Infarmed, em Lisboa, especialistas, membros do Governo e o Presidente da República, sustentando que a incidência de casos de contágio é o indicador mais sensível para a progressão da pandemia.
Em Portugal, morreram 17.023 pessoas dos 847.604 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
LUSA/HN
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