De forma a corrigir a situação de maior fragilidade dos doentes o protocolo prevê a criação de uma equipa multidisciplinar capaz de promover a qualidade de vida da população de maior risco cardiovascular. Esta equipa será composta por médico, um farmacêutico e um enfermeiro que irão avaliar e registar a situação clínica destes, com base em diversos parâmetros e métricas.
Em declarações à TSF o autarca de Torres Novas, Pedro Ferreira, admite que “involuntariamente ficou para trás algum acompanhamento tradicional e regular, sobretudo, às pessoas mais idosas. A EVA, com custos suportados a 100% pelo município de Torres Novas vai ter equipas móveis por todas as freguesias e aldeias do nosso concelho”. Por este motivo, considera que a iniciativa “acaba por ser um passo importante para que a própria autarquia sinta as facilidades ou as dificuldades de ponte de colaboração com o Ministério da Saúde”.
O projeto assinado hoje contou ainda com a presença do Presidente da ARS LVT. Durante a conferência de imprensa Luís Pisco agradeceu ao apoio que tem sido feito por parte da Câmara de Torres Novas, sublinhando que “o relacionamento entre o município, o agrupamento de centros de saúde e hospital tem sido exemplar e a colaboração tem sido notável”.
Sobre o projeto o Presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo destaca o “pesadelo” na área das doenças por causa da pandemia, sublinhando a necessidade de “retomar as boas práticas”. “Todos os nossos esforços foi para resolver as situações de covid e isso, obviamente, deixou para trás algumas doenças crónicas, nomeadamente hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares. A atenção não pode ser aquela que teve teve até aqui.”
“Estamos agora a tentar retomar essa atividade e, portanto, é com muito interesse que vemos o empenho da Câmara Municipal de Torres Novas em apoiar e em se envolver nesta questão da doença cardiovascular. Todos sabemos que estas doenças são uma causa de morte, ainda, importante no nosso país”, acrescenta.
Sobre o futuro do projeto o dirigente da ARS LVT diz estar “certo que vai ser um sucesso”.
De acordo com os mentores do projeto as restrições impostas pela pandemia estão na base do aumento significativo da mortalidade. O relatório do INE, de Março a Novembro de 2020, mostra que foram registados 87.792 óbitos em território nacional, mais 10.776 óbitos que a média, nas semanas homólogas, dos últimos cinco anos.
No mesmo período morreram em Portugal 4.505 com a doença, pelo que a Covid-19 explica apenas 41,8% do excesso de mortalidade desde o início da pandemia, destaca o relatório do INE.
O relatório do INE mostra ainda que mais de 70% dos óbitos foram de pessoas com idades iguais ou superiores a 75 anos; comparando com a média de óbitos observada no período homólogo de 2015-2019, morreram mais 9.151 pessoas com 75 e mais anos, das quais mais 6.834 com 85 e mais anos.
Neste sentido, a mortalidade não-covid é o principal objetivo do EVA. O projeto irá acompanhar os cidadãos de maior risco CV, cujo acesso aos CSP ou CH estão diminuídos nestes tempos de pandemia e podem ver os seus fatores de risco e saúde em geral, agravados sem que possa haver controlo ou uma melhor gestão da sua doença, contribuindo para mais anos de vida.
A Equipa Vida Ativa irá apoiar munícipes de Torres Novas, Tomar e Abrantes numa primeira fase. O projeto está baseado no Decreto-Lei nº 23/2019 – a lei da delegação de competências para os municípios na área da Saúde.
HN/Vaishaly Camões
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