Numa declaração ao final do dia de hoje, um porta-voz da Santa Sé, Matteo Bruni, disse que Francisco, de 84 anos de idade, teve anestesia geral durante a cirurgia necessária, não revelando, porém, quanto tempo durou a operação.
O Vaticano já tinha informado que o papa Francisco tinha sido internado hoje à tarde num hospital em Roma para uma cirurgia programada ao intestino grosso.
A notícia foi dada apenas três horas depois de Francisco ter saudado alegremente o público na Praça de São Pedro e lhes ter dito que iria à Hungria e à Eslováquia em setembro.
Esta foi a primeira hospitalização conhecida do papa desde que foi eleito para líder máximo da Igreja Católica, em 2013.
A breve declaração do gabinete de imprensa da Santa Sé prometeu então uma atualização médica após a cirurgia realizada na Policlínica Gemelli, um hospital-escola católico. O Vaticano não disse quando começaria a cirurgia.
Por volta das 21:00, não havia ainda indicação de quando o Vaticano poderia emitir uma atualização sobre o estado de saúde do papa.
O Vaticano disse que ao papa tinha sido diagnosticado “estenose diverticular sintomática do cólon”, uma referência a um estreitamento no intestino grosso. A cirurgia deveria ser realizada por Sergio Alfieri, o diretor do departamento de cirurgia digestiva de Gemelli.
Uma semana antes, Francisco, na sua habitual aparição dominical, pediu ao público orações especiais para si próprio, um apelo que pode ter sido relacionado com a cirurgia planeada.
“Peço-vos que rezeis pelo Papa, rezeis de uma forma especial”, disse Francisco aos fiéis na praça a 27 de junho. “O papa precisa das vossas orações”, afirmou, acrescentando o seu agradecimento e dizendo “sei que o farão”.
Um diverticulum é uma saliência tipo bolsa através da parede muscular do intestino.
Quando a diverticula fica inflamada – uma condição comum, especialmente em pessoas mais velhas – parte do intestino pode por vezes estreitar e pode ser necessária cirurgia, de acordo com os gastroenterologistas. Tal cirurgia pode ser realizada sob anestesia geral, possivelmente com uma intervenção laparoscópica.
O papa Francisco está, em geral de boa saúde, mas, quando jovem, foi-lhe removida parte de um pulmão. Também sofre de ciática, com um nervo a afetar-lhe a parte inferior das costas e a perna, uma condição dolorosa que o obrigou por vezes a adiar aparições programadas.
Uma suite papal do 10º andar está disponível no hospital para o caso de haver necessidade.
O papa teve um conjunto de ações particularmente exigentes na semana passada, incluindo a celebração de uma missa, na terça-feira, para assinalar o dia da festa católica em honra dos Santos Pedro e Paulo e, no final da semana, uma oração pelo Líbano.
A 28 de junho, teve também uma longa audiência privada, no Vaticano, com o secretário de Estado norte-americano, António Blinken. Em todos esses compromissos, Francisco parecia estar de bom ânimo.
Normalmente, além da tradicional bênção de domingo ao meio-dia e das suas palavras de uma janela do Palácio Apostólico com vista para a Praça de São Pedro, o pontífice realiza uma audiência pública todas as quartas-feiras. Mas, com o calor de Roma, as audiências foram suspensas para as quartas-feiras de julho.
Os desejos de boas-vindas começaram a chegar imediatamente para Francisco. O Presidente italiano, Sergio Mattarella, assim que aterrou em Paris para uma visita de Estado em França, dirigiu um “pensamento afetuoso” em nome de todos os italianos.
Mattarella disse desejar “uma boa convalescença e uma recuperação muito rápida” para o papa.
Os médicos do Gemelli já foram cirurgião de anteriores papas, nomeadamente de João Paulo II, que o Vaticano disse ser a um tumor benigno no cólon, removido em 1992. João Paulo II fez várias outras cirurgias naquele hospital, inclusive depois de ter sido baleado por um jovem na Praça de São Pedro, em 1981.
João Paulo II também teve vários problemas médicos nos seus últimos anos, incluindo complicações graves da doença de Parkinson, e teve numerosos internamentos em Gemelli.
LUSA/HN
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