Senador advertido por Forças Armadas do Brasil após citar corrupção de militares na Saúde

8 de Julho 2021

O senador brasileiro Omar Aziz, presidente da comissão parlamentar de inquérito (CPI) à resposta do Governo à pandemia, lamentou o envolvimento de militares em alegados esquemas de corrupção no Ministério da Saúde e as Forças Armadas responderam criticando-o pessoalmente.

Aziz afirmou na quinta-feira durante o depoimento do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Ricardo Ferreira Dias à CPI, que fazia muitos anos que o Brasil não via membros das Forças Armadas envolvidos em esquemas de corrupção do Governo.

“Você foi sargento da Aeronáutica? Conhece o coronel Guerra? Olha, eu vou dizer uma coisa, as Forças Armadas (..) os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na ‘media’, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua [crime] dentro do Governo, fazia muitos anos”, declarou Aziz.

O senador aludia ao envolvimento de militares reformados ou que ainda fazem parte das Forças Amadas em casos de corrupção investigados pelos senadores na CPI da pandemia, notadamente num suposto esquema envolvendo a tentativa de venda de 400 milhões de doses de vacina contra a covid-19 da AstraZeneca e também supostas irregularidades no contrato de aquisição da vacina Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech.

A declaração irritou os militares que responderam em nota oficial, divulgada na noite de quarta-feira, na qual afirmam que Aziz fez declarações “desrespeitando as Forcas Amadas e generalizando esquemas de corrupção”.

“As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”, frisou o comunicado assinado pelos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica e pelo ministro da Defesa brasileiro, Walter Braga Netto.

Na sequência da divulgação da nota, Aziz e muitos senadores independentes ou de oposição ao Governo reagiram, entendendo a resposta dos militares como uma ameaça ao trabalho do Congresso.

Na madrugada de hoje, Aziz divulgou uma mensagem na rede social Twitter: “Estão tentando distorcer minha fala e me intimidar. Não aceitarei! Não ataquei os militares brasileiros. Disse que a parte boa do Exército deve estar envergonhada com a pequena banda podre que mancha a história das Forças Armadas”.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo ao contabilizar 528.540 vítimas mortais e mais 18,9 de milhões de casos confirmados de Covid-19.

A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 4.004.99 mortos em todo o mundo, resultantes de mais de 185 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente feito pela agência France-Presse.

LUSA/HN

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