Esperança de vida nos EUA registou em 2020 maior quebra desde 2ª Guerra Mundial

21 de Julho 2021

A esperança de vida nos Estados Unidos diminuiu um ano e meio em 2020, a maior quebra num só ano desde a Segunda Guerra Mundial, revelaram hoje as autoridades de saúde pública.

Para o Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês), a quebra deve-se principalmente à pandemia de covid-19, representando cerca de 74% do declínio da esperança de vida.

Mais de 3,3 milhões de norte-americanos morreram no ano passado, um número superior a qualquer outro ano na história dos Estados Unidos, sendo que a covid-19 foi responsável por cerca de 11% dessas mortes.

A diminuição da expectativa de vida para negros e hispano-americanos foi ainda maior, de três anos.

A esperança média de vida dos negros não caia tanto em apenas um ano desde meados da década de 1930, durante a Grande Depressão.

As autoridades de saúde não monitorizam a expectativa de vida dos hispânicos há tanto tempo, mas o declínio em 2020 foi a maior quebra anual registada até hoje.

Segundo o professor de sociologia da Universidade do Texas, Mark Hayward, especialista em alterações na mortalidade nos Estados Unidos, esta “queda abrupta é basicamente catastrófica”.

Também se somam outras causas de morte para além da covid-19, como overdoses devido ao consumo de drogas, principalmente em brancos.

Já o aumento dos homicídios foi outra das razões para a diminuição da expectativa de vida nos negros, destacou a principal autora do estudo, Elizabeth Arias.

Outros problemas que afetaram negros e hispânicos são a falta de acesso a cuidados de saúde de qualidade, condições de vida em locais superlotados e empregos de baixa remuneração que exigiram que continuassem a trabalhar durante a fase mais crítica da pandemia de covid-19, destacaram os especialistas.

A esperança de vida é uma estimativa do número médio de anos que um bebé nascido em determinado ano pode viver e um retrato estatístico importante da saúde de um país influenciado por tendências mais permanentes como a obesidade, mas também temporárias como pandemias ou guerras.

Durante décadas, a expectativa de vida nos EUA era alta, mas essa tendência estagnou em 2015 durante vários anos, atingindo os 78 anos e 10 meses em 2019.

Segundo o CDC, em 2020 caiu para 77 anos e quatro meses.

O relatório da CDC destaca ainda que os hispano-americanos têm uma maior expectativa de vida do que brancos ou negros, mas tiveram o maior declínio em 2020.

Os dados revelam também que a expectativa de vida dos negros caiu quase três anos, para 71 anos e 10 meses, sendo que não era tão baixa desde 2000.

Já a expectativa de vida dos brancos caiu cerca de 14 meses, para cerca de 77 anos e sete meses, o nível mais baixo entre este sub-grupo desde 2002.

O impacto da pandemia de covid-19 varia por raça e etnia, sendo responsável por 90% da quebra da expectativa de vida entre os hispânicos, 68% entre os brancos e 59% entre os negros.

A expectativa de vida diminuiu quase dois anos para os homens, mas cerca de um ano para as mulheres, referem ainda os dados do CDC.

O declínio em 2020 foi apenas metade da quebra entre 1942 e 1943, quando jovens soldados morreram na Segunda Guerra Mundial, e apenas uma fração da quebra entre 1917 e 1918, quando a Primeira Guerra Mundial e a pandemia causada pela gripe espanhola devastaram gerações mais jovens.

A esperança de vida recuperou após estas quebras e os especialistas acreditam que o mesmo irá agora suceder, embora alguns apontem que serão necessários vários anos para tal acontecer.

LUSA/HN

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