Secretário de Estado da Saúde admite uma revisão das estratégias de testagem

18 de Maio 2020

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, admitiu hoje fazer uma revisão das estratégias de testagem à covid-19 em função do dinamismo do novo coronavírus SARS-Cov-2.

“Em função deste dinamismo do surto estamos numa fase em que também temos que ter a humildade democrática de fazer uma revisão sobre, também, as próprias estratégias de testagem”, afirmou o governante, comentando os dados de um inquérito da Ordem dos Médicos, segundo o qual 47% dos médicos com sintomas de covid-19 ou que tiveram contacto com casos suspeitos nunca foram testados.

António Sales lembrou, contudo, na conferência diária da Direção-Geral da Saúde sobre a pandemia, que as instituições de saúde têm que respeitar a orientação número 13 da DGS sobre a testagem aos profissionais de saúde.

“Este é um surto dinâmico, aquilo que em nos encontrávamos em março e abril não é aquilo em que nos encontramos em maio, portanto, nós temos que nos ir ajustando ao próprio dinamismo desse surto”, sublinhou.

Segundo o secretário de Estado da Saúde, têm estado a fazer-se cada vez mais testes.

“Temos em testes acumulados mais de 650 mil testes, testamos por milhão de habitantes mais de 60 mil pessoas, e, portanto, há um reforço cada vez maior na nossa capacidade de testagem”, salientou.

António Sales agradeceu ainda à Ordem dos Médicos e aos profissionais de saúde “todos os contributos que possam dar para melhorar” a “capacidade de resposta em todas as suas vertentes”.

Segundo um inquérito hoje divulgado, 47% dos médicos que tiveram contacto com um caso de covid-19 – suspeitos de infeção pelo novo coronavírus ou doentes com sintomatologia compatível com a doença – nunca foram submetidos a qualquer teste.

Os dados indicam que, dos médicos que foram submetidos a testes, 19% tiveram de esperar sete ou mais dias pela sua realização e um em cada cinco (21%) esperaram entre três a seis dias. Em 59% dos casos os testes foram feitos em menos de três dias.

A Ordem dos Médicos justifica a realização do inquérito, cuja recolha de dados decorreu entre os dias 08 e 14 de abril e envolveu 6.613 médicos, com a “escassez ou inconsistência de dados partilhados pelas autoridades de saúde” e explica que a recolha de dados decorreu entre os dias 08 e 14 de abril e contou com a resposta de 6.613 médicos.

Na altura em que decorreu o inquérito, perto de 3% dos médicos que responderam estavam ou já tinham estado infetados. Os dados indicam ainda que cerca de 6% estavam impedidos de trabalhar por diagnóstico positivo ou quarentena de qualquer tipologia (a aguardar teste, sem realização de teste ou sem sintomatologia, mas com contacto de risco).

Os dados oficiais divulgados na semana passada indicam que há 3.183 profissionais de saúde infetados com o novo coronavírus, responsável pela covid-19, entre os quais 477 médicos e 838 enfermeiros.

Portugal regista 1.231 mortes relacionadas com a covid-19, mais 13 do que no domingo, e 29.209 infetados, mais 173, segundo o boletim epidemiológico divulgado hoje pela Direção Geral da Saúde.

LUSA/HN

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