Lusodescendente diz que família morreu em Portugal após recusar vacina

10 de Agosto 2021

Um lusodescendente que reside no País de Gales, Francis Gonçalves, afirma que o irmão e os pais morreram em Portugal, após se recusarem a tomar a vacina contra a Covid-19, influenciados pelos movimentos anti-vacinas.

A história está a ser reproduzida em vários jornais internacionais e a motivar uma troca acesa de mensagens sobre a vacinação contra a Covid-19.

Em 07 de agosto, Francis Gonçalves utilizou a rede social Facebook para anunciar que o jornal Wales Online o contactou para fazer um artigo sobre o que tinha acontecido à sua família.

Na notícia, divulgada hoje pelo jornal, Francis Gonçalves, que vive em Cardiff, disse que o seu irmão Shaul, 40 anos, o pai Basil, de 73 anos, e a mãe Charmagne, 65 anos, começaram a sentir-se mal no fim de semana de 10 de julho, alguns dias após terem partilhado uma refeição. Duas semanas depois destes sintomas, os três estavam mortos.

Na entrevista ao jornal ‘online’, Francis disse que a sua família, que se encontrava em Portugal, não recebeu as vacinas contra o novo coronavírus porque se tinha assustado com a “desinformação” anti-vacinação.

O lusodescendente contou que o pai foi ao hospital em 06 de julho, devido a um problema de pedra nos rins, e que acredita que ficou infetado na instituição.

Dois dias depois, uma quinta-feira, o pai e a mãe jantaram com o irmão, no apartamento que este dividia com a namorada.

Logo no fim de semana sentiram-se mal. Shaul sentia-se pesado e extremamente cansado e os pais foram hospitalizados, tendo testado positivo para a Covid-19.

Longe da família e perante o agravar do estado de saúde do irmão e dos pais, Francis decidiu viajar para Portugal. Entretanto, em 14 de julho teve conhecimento de que o pai tinha sido transferido para a unidade de cuidados intensivos (UCI).

A saúde dos pais, hospitalizados, agravou-se e também a do irmão piorou.

Enquanto aguardava pelos resultados do teste à Covid-19 para viajar para Portugal, Francis soube que o irmão foi hospitalizado de urgência, a 17 de julho. Na madrugada seguinte, foi informado que Shaul tinha morrido, conforme contou ao Wales Online.

Em 20 de julho, Francis foi informado pelo hospital de que o pai morrera e idêntica notícia recebeu sobre a mãe, a 24 de julho.

Uma semana depois, em 01 de agosto, os três elementos da família foram enterrados no cemitério do Alto de São João, em Lisboa.

Francis pretende mudar os corpos dos pais para outro local – e não o talhão onde são enterrados os infetados com Covid-19 –, mas sabe que, para já, isso não é possível.

Abalado com estas mortes, o lusodescendente manifesta-se muito revoltado, pois acredita que a vacina contra a Covid-19 poderia ter conduzido a um outro desfecho, pelo menos para o irmão, que “era a pessoa mais saudável” que conhecia.

Por isso espera que a partilha da sua experiência, embora “extremamente difícil”, contribua para encorajar outros a vacinarem-se, principalmente aqueles que, como a sua família, têm medo das vacinas.

“Eles foram apanhados no meio de muita propaganda anti-vacinação que anda por aí”, disse ao Wales Online.

Originária da África do Sul, a família de Francis Gonçalves mudou-se para Cardiff em 2015 e, um ano mais tarde, os seus pais e irmão mudaram-se para Portugal, de onde o pai era originário.

A Covid-19 provocou pelo menos 4.303.610 mortes em todo o mundo, entre mais de 203,3 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 17.502 pessoas e foram registados 990.293 casos de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil ou Peru.

LUSA/HN

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