Especialistas receosos com o regresso às aulas em Moçambique

Especialistas receosos com o regresso às aulas em Moçambique

Camilo Ussene, doutorado em psicologia vocacional pela Universidade do Minho, Portugal, e docente da Universidade Pedagógica (UP) em Moçambique, disse à Lusa que, mesmo que se criem condições nas escolas, os estudantes estão expostos durante o percurso.

“Não pensemos nos números, mas na vida, porque amanhã iremos precisar destas pessoas vivas e com saúde para continuar a avançar”, acrescentou.

O facto de uma carteira ser ocupada por várias crianças por dia, sem meios para higienizar a escola em tempo recorde, para que outros estudem, é uma preocupação acrescida.

O docente duvida também dos resultados do ensino à distância.

“Que tipo de resultados teremos? E quem paga a Internet? O resultado desse ensino será pequenino”, disse.

Ussene pede maior intervenção de especialistas em educação, pais e professores para juntos decidirem o que fazer.

Bento Rupia, doutorado em educação, diretor da Faculdade de Ciências Sociais e Filosofia da UP, vê o assunto de um outro ângulo e conclui que “a educação acaba por estar refém” da “pretensão da elite financeira”.

Segundo refere, o Estado está diante de uma escolha: “servir a população e a saúde ou afrontar os interesses do capital”, numa alusão aos investidores em instituições de ensino.

De um outro pronto de vista, alerta para o facto de haver professores com características de risco, tais como diabéticos ou hipertensos.

Por outro lado, o número de alunos torna impraticável o distanciamento social.

“Porque não temos a coragem de adicionar uma outra possibilidade que é a de não regressar à escola”, questionou, acrescentando ver “uma oportunidade para que os pais eduquem os filhos na família, com certa prudência”.

O ano letivo moçambicano decorre de fevereiro a dezembro de cada ano.

Leonardo Hofisso, sociólogo e investigador, destaca uma questão de base: “as escolas são tão precárias em termos de saneamento que não favorecem o regresso às aulas. Não há vantagem no retorno”, disse.

Aquele responsável defende a abertura das universidades para que se faça pesquisa sobre os efeitos da pandemia.

“A universidade está voltada para a pesquisa e devia estar aberta, para partilhar conhecimento. O país precisa de conhecimento para perspetivar, orientar e bem planear”, concluiu.

As escolas moçambicanas, que estão encerradas desde 01 de abril no âmbito do estado de emergência decretado pelo chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, vão ser reabertas faseadamente a partir de 27 de julho, com prioridade para as classes com exames, começando pela 12.ª classe, no secundário.

Moçambique tem um total acumulado de 1.040 casos de infeção pelo novo coronavírus, com oito óbitos e 280 recuperados.

LUSA/HN

Pais angolanos querem reinício das aulas apenas em setembro

Pais angolanos querem reinício das aulas apenas em setembro

Em declarações à Lusa, o presidente da associação, Manuel Diogo, afirmou que, “em princípio, nenhuma escola em Angola tem condições de biossegurança para albergar alunos por estarem desprovidas de ‘kits’ de proteção e água potável”.

O reinício das aulas no segundo ciclo do ensino secundário em Angola está previsto para 13 de julho e para o primeiro ciclo do ensino primário em 27 de julho.

“A princípio em nenhuma escola a nível nacional tem condições para albergar os nossos filhos porque falta água potável nas mesmas, falta condições dignas aos professores e testagem em massa dos docentes e pessoal administrativo”, afirmou o responsável.

Para Manuel Diogo, que discorda da anulação do ano letivo, o reinício das aulas deve ter em conta o evoluir da pandemia no país, referindo que o mês de setembro seria o ideal para a salvaguarda da saúde dos alunos.

Segundo o responsável, o reinício das aulas deve ser antecedido pela desinfestação de todas as instituições escolares do país e testagem aos professores e funcionários das escolas, proposta que “até ao momento não tiveram aprovação das autoridades sanitárias”.

“Exigimos à ministra da Saúde, junto da equipa do Governo, que pelo menos desinfestassem todas as escolas e testassem os todos os professores e o pessoal administrativo, mas não tivemos nenhum aval positivo e isso inquieta-nos”, disse.

As aulas no ensino geral e universitário em Angola foram suspensas em março, antes do Presidente angolano, João Lourenço, declarar estado de emergência, que decorreu entre 27 de março e 25 de maio.

Angola, que vive desde 26 de maio situação de calamidade pública, conta com 315 casos positivos da Covid-19, sendo 201 ativos, 97 recuperados e 17 óbitos.

O decreto que determina situação de calamidade pública prevê o reinício da atividade no ensino superior e no segundo ciclo do ensino secundário a partir de 13 de julho embora “dependente da evolução da situação epidemiológica”.

De acordo ainda com o presidente da Associação Nacional de Pais e Encarregados de Educação angolana, todas as propostas dos associados foram apresentadas na quinta-feira durante um encontro com a ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira.

LUSA/HN

Câmara de Aveiro instala postos de desinfeção das mãos

Câmara de Aveiro instala postos de desinfeção das mãos

“Trata-se de mais uma medida de Combate à Pandemia, com um investimento de 87.084 euros, no aluguer destes equipamentos pelo período de seis meses”, explica uma nota da Câmara Municipal de Aveiro (CMA).

Para além do uso de máscara que a autarquia aconselha a adotar, a medida visa “aumentar a segurança individual e coletiva nas deslocações pedonais e utilização dos espaços públicos do município

É também, destaca a nota de imprensa, “mais um contributo da CMA para retoma das atividades sociais e para apoio à dinamização do comércio local”.

Segundo a autarquia, foi dada a primazia a espaços urbanos, não só do centro da cidade como de outros locais do concelho, num total de 20 pontos.

A Câmara Municipal de Aveiro informou pela mesma via que os seus serviços regressam ao horário normal, a partir de quarta-feira.

“No seguimento da evolução positiva no combate ao Coronavírus / Covid-19, a Câmara de Aveiro (CMA) decidiu retomar o funcionamento, em regime normal, de todos os Serviços Municipais”, anuncia.

Assim, o Gabinete de Atendimento Integrado (GAI), no Centro de Congressos de Aveiro, regressa ao seu horário habitual, das 08:30 às 16:30.

Quanto à Polícia Municipal, mantém o atendimento presencial no Parque de Feiras e Exposições de Aveiro, com o horário das 09:00 às 12:30 e das 13:30 às 16:30.

O Centro de Congressos de Aveiro regressa ao horário de funcionamento de segunda a sexta-feira, das 07:00 às 21:00, iniciando o seu serviço normal a 01 de julho.

No entanto, “a CMA continuará a dar prioridade ao atendimento ao público pelas vias telefónica e digital (em especial via e-mail) e a utilizar o procedimento da marcação prévia de data e hora para consulta de processos”.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 505.500 mortos, incluindo, pelo menos, 1.568 em Portugal, e segundo o último boletim da Direção-Geral de Saúde (DGS) existem 41.912 casos confirmados de infeção.

LUSA/HN

Desinfetação de ambulâncias é “competência” de profissionais do INEM

Desinfetação de ambulâncias é “competência” de profissionais do INEM

“Percebo as preocupações dos profissionais e estamos preocupados com a segurança dos doentes que transportamos e com os nossos profissionais. Mas a limpeza é uma das suas funções e competências”, disse Luís Meira.

“Em todas as mais de 100 ambulâncias do INEM no país os profissionais têm competências para garantir a desinfeção”, afirmou o presidente do Conselho Diretivo do INEM, na conferência de imprensa diária da Direção-Geral da Saúde sobre a evolução da pandemia no país.

De acordo com o presidente do INEM, o apoio de equipas da GNR e do exército na limpeza de viaturas, que agora terminou levando a críticas do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), estava previsto apenas “para a fase de contenção” da pandemia e a atuação depende das “justificações científicas e técnicas adequadas a cada momento”.

O STEPH criticou esta terça-feira a decisão do INEM de terem de ser os técnicos a fazer a desinfeção das ambulâncias, que era assegurada pela Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS) da GNR, alertando, nomeadamente para o tempo que a operação vai demorar.

Hoje de manhã, em declarações à agência Lusa, o presidente do sindicato, Pedro Moreira, questionou se a desinfeção feita pelos técnicos garante o mesmo nível de proteção do que a realizada pela GNR.

“Se o próprio instituto reconheceu a necessidade dessa desinfeção ser feita e garantida pela GNR com material e equipamento que por eles era prestado, e que agora não está a ser disponibilizado pelo instituto, interrogámos o que é que levou a isso” e se “garante o mesmo nível de proteção”, disse Pedro Moreira.

O Jornal de Notícias avança na edição desta terça-feira que as ambulâncias do INEM em Lisboa, onde se concentra agora o surto de Covid-19, não saíram na segunda-feira em serviço enquanto os profissionais não viram desinfetados os veículos.

Em causa está o encerramento das linhas de descontaminação de viaturas e fardas, após a Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS) da GNR ter deixado de fazer tal serviço.

Os técnicos de Lisboa recusaram-se a sair na segunda-feira e exigiram a reposição do nível de desinfeção, refere o jornal, adiantando que, para ativar dois de seis veículos, o INEM teve de recorrer então a um privado, mas convocou os operacionais para comparecer hoje perante a direção do organismo.

O INEM explicou ao JN que quer que a desinfeção “volte à sua rotina habitual”, feita pelos técnicos, assegurando que estes têm “todos os equipamentos e produtos necessários para cumprir aquela que é uma das suas funções: garantir a manutenção e prontidão das ambulâncias”.

LUSA/HN