Professores da telescola ultrapassaram “o frio e o medo” e elogiam iniciativa do Governo angolano

2 de Maio 2020

Professores angolanos que, há um mês, ministram aulas à distância, devido à covid-19, enaltecem a iniciativa do Governo, afirmando que apesar das dificuldades, a experiência é “única e satisfatória”, exortando os pais a orientarem os alunos.

Com as aulas no ensino geral canceladas e as escolas encerradas, à luz das medidas do estado de emergência para conter a propagação do novo coronavírus, as teleaulas, emitidas desde 01 de abril pela Televisão Pública de Angola (TPA) são o recurso do ministério da Educação para manter os alunos atarefados.

Matemática, Língua Portuguesa, Estudo do Meio ou Ciências da Natureza são algumas das disciplinas ensinadas à distância aos alunos do ensino primário por um grupo de 15 professores que, agora “sem o frio e medo” das câmaras, dizem-se “felizes” pela iniciativa.

“É uma boa experiência porque estamos sempre aqui para ajudar uns aos outros e assim formamos um todo, que é esta aula que vai para o ar e as crianças recebem em casa”, disse à Lusa a professora Leonor Elisa Massocolo.

Há 15 anos na docência, a professora de Língua Portuguesa no ensino primário descreveu que a sua alegria é o retorno do trabalho que faz, com “beijinhos e bonecos que recebe diariamente”, pedindo aos pais para acompanharem as aulas com os filhos.

Num dos estúdios, uma sala de aulas improvisada, do Centro de Produção da TPA no Camama, em Luanda, para mais um dia de gravação, o professor Horácio Numa referiu que tem recebido ‘feedback’ positivo dos alunos que recorrem à sua casa para correção presencial das tarefas orientadas por via televisiva.

“E felizmente tem tido uma boa receção”, adiantou, manifestando-se orgulhoso por fazer parte da equipa que ensina à distância: “Porque se não lutarmos pelos nossos, nenhum outro lutará”.

O professor de Matemática e Ciências da Natureza recordou que as teleaulas servem para o aperfeiçoamento das crianças, “para que regressem no espírito de continuidade, e não de recomeço”, recomendando aos pais “vigilância às tarefas”.

Já o professor Diabanza Álvaro Bernardo, que há 10 anos leciona Matemática no ensino primário, disse estar aberto às críticas e sugestões, afirmando que a estreia “não foi fácil” e que as teleaulas também têm sido “uma reciclagem para a classe docente”.

“Tenho notado o ‘feedback’ pelas redes sociais, alguns encarregados gostam, dizem que participam das atividades ajudando os meninos na resolução das tarefas”, frisou.

E acrescentou: “Espero que os pais continuem a dar o seu melhor reconhecendo que a escola é a segunda casa, logo a primeira escola é a casa e com a ajuda dos pais os professores acabam conseguindo dar o pacote final”.

Por seu lado, a coordenadora das teleaulas para o ensino primário, Paula Bravo da Rosa, afirmou que agora o processo está “mais fluído” e que são feitos diariamente correções e acertos antes, durante ou depois das gravações.

“Atualmente estamos a gravar oito aulas por dia, antes fazíamos 12, de maneira que hoje já conseguimos assegurar maior fluidez neste trabalho com a planificação, aulas simuladas e temos estado a melhorar a cada dia que passa”, assegurou.

O país conta com 27 casos confirmados de covid-19, entre os quais 18 casos ativos, dois óbitos e sete recuperados.

Lusa/HN

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