Falando num debate com a comissão de Saúde Pública do Parlamento Europeu sobre o desenvolvimento de vacina contra o novo coronavírus, o diretor executivo da Agência Europeia de Medicamentos (EMA, sigla inglesa) disse que uma vacina “está a um ano” de estar disponível no mercado, “na melhor das hipóteses”.
Além de frisar que este tipo de tratamento para a covid-19 não estará disponível em breve, Guido Rasi vincou que, quando a vacina de facto estiver pronta, não haverá logo de imediato produção suficiente para toda a população, pelo que defendeu coordenação dentro da União Europeia (UE) para determinar quais as camadas prioritárias.
“A abordagem coordenada ao nível da UE será fundamental para identificar aqueles que mais beneficiarão com a vacina”, afirmou o responsável, numa sessão realizada à distância e a partir de Bruxelas.
Isto porque, de acordo com Guido Rasi, “não haverá [logo] doses suficientes para toda a população”.
“Vamos precisar de ter um modelo holístico para criar o primeiro anel de defesa na população em geral”, defendeu ainda o diretor da EMA.
Esta posição é semelhante à já manifestada pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, na sigla inglesa).
Em entrevista à agência Lusa divulgada na semana passada, o especialista principal do ECDC para resposta e operações de emergência, Sergio Brusin, alertou que não haverá vacina ou tratamentos para a covid-19 nos próximos meses, sendo “muito provável” que só cheguem em 2021.
“Muitos especialistas [estão empenhados] e muito dinheiro está a ser aplicado na descoberta de vacinas e de tratamentos e, apesar de haver algumas opiniões mais otimistas, isso não acontecerá tão depressa”, declarou Sergio Brusin.
“Não é algo que vai acontecer nos próximos meses”, reforçou o perito.
Aludindo às várias investigações em curso, dentro e fora da Europa, Sergio Brusin notou que, apesar de alguns testes em humanos para potenciais vacinas estarem já a avançar, “para haver produção suficiente para distribuir por toda a gente na Europa serão precisos vários meses, não é algo que poderá ser feito rapidamente”.
“É preciso haver uma produção segura, fazer a distribuição, priorizar a quem dar primeiro”, elencou, destacando ser “muito mais provável que isso só aconteça em 2021”.
Aqui entra também a incógnita que este novo coronavírus ainda é para os especialistas, visto que, por ser um surto novo, não se sabe “se as vacinas ou tratamentos a serem criados irão proteger apenas por uma temporada, como as vacinas da gripe, ou se será algo que irá proteger por mais tempo”, explicou Sergio Brusin à Lusa.
Por isso, “de momento, é preciso continuar a fazer” o que está a ser feito, “nomeadamente [manter] o distanciamento físico e social, o rastreamento de contactos”, entre outras medidas, defendeu ainda o especialista do ECDC.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 315.000 mortos e infetou mais de 4,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
LUSA/HN
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