A APDP, fundada pelo Dr. Ernesto Roma, fez este mês de maio os seus 94 anos de idade. Provecta idade que poderia pressupor alguns desencantos associados à velhice!

Nada de menos verdade!

Pelo contrário, a APDP tem demonstrado nos últimos anos um dinamismo, uma criatividade, uma adaptação aos sempre novos desafios que se apresentaram e se apresentam todos os dias.

Quando foi fundada em 1926, era necessário apoiar as pessoas com diabetes pobres na aquisição da recém e dispendiosa chegada da insulina, a hormona da vida sem a qual a grande maioria não sobreviveria. O Dr. Ernesto Roma angariou vontades da sociedade civil, benfeitores de que nada podiam beneficiar para além da satisfação de estarem a ajudar a salvar vidas. Um grande apoio dos doentes do Dr. Ernesto Roma e muitos empresários do comércio da baixa de Lisboa.

A descoberta e auto-aplicação de insulina, o auto-controlo, implicou um processo educativo, pois a pessoa com diabetes passou a ser o seu primeiro cuidador a que se seguiu aprendizagem com os cuidados com a alimentação e o exercício físico. A Associação passou a ser, para além de uma casa de cuidados às pessoas com diabetes, também uma casa de formação não só dos próprios doentes mas também dos técnicos de saúde perante uma epidemia de diabetes que, lentamente, com as mudanças rápidas dos hábitos de vida, se ia desenvolvendo como resposta às necessidades.

As pessoas com diabetes foram vivendo agora com uma esperança de vida cada vez maior e, entretanto, aparecem as chamadas complicações tardias da diabetes que no passado pouco se conheciam. Desta forma, a APDP passou a criar estruturas de resposta a estes novos desafios. Departamentos de Podologia, Cardiologia, Oftalmologia, Pediatria e muitas outras, de acordo com a resposta às novas necessidades.

Na 2.ª Grande Guerra foi a Associação a plataforma de distribuição da insulina com a colaboração das Câmaras Municipais e outras estruturas locais. Sem aquele apoio muitas pessoas não teriam sobrevivido. De realçar o papel fundamental também de J. Baptista de Almeida proprietário então da JABA, único importador das insulinas naqueles anos.

Novas tecnologias foram adaptadas, modernização das estruturas e equipamentos, bem como o rejuvenescimento dos recursos humanos tornaram a APDP um modelo de cuidados internacional com solicitações e visitas frequentes.

Os 94 anos viram chegar a pandemia da Covid-19. A Associação rapidamente adaptou-se procurando responder à situação de crise que atinge os portugueses e naturalmente as pessoas com diabetes. As pessoas com diabetes controladas não são especialmente sensíveis ao vírus, mas quando o contraem o seu desenvolvimento é, com larga percentagem, mais problemático do que nos que não têm diabetes.

Consultas presenciais e por telemedicina, atendimento presente em todas as situações de urgência, linha telefónica de apoio com estreito apoio da Câmara Municipal de Lisboa e uma presença constante para responder às necessidades das pessoas com diabetes.
Parabéns à APDP pelos teus 94 anos!