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Ser Médica de Família é muito mais do que o que podemos encontrar na literatura existente
A necessidade do aumento do número de Médicos de Família (MF) bem como a crescente atribuição de competências e tarefas diárias tem sido uma constante nos últimos anos tornando imperiosa a aposta na formação.
Participar no ensino e desenvolvimento profissional contínuo é uma responsabilidade de qualquer médico, razão pela qual abracei as oportunidades que foram surgindo para colaborar quer na formação pré-graduada na FML, quer pós-graduada, quer no internato da Formação Específica em Medicina Geral e Familiar (MGF).
As particularidades da MGF e o perfil do MF tornam difícil esta tarefa de tal modo que, com frequência, questiono o meu caminho percorrido nesta área tendo presente os pilares fundamentais da formação: saber Saber, saber Fazer e saber Ser.
Convicta que o meu conhecimento é ínfimo e que em MGF uma mesma doença se reveste de complexidade inerente a múltiplos factores biopsicossociais, é minha preocupação desassossegar o pensamento dos meus formandos , construindo um pensamento reflexivo que os faça procurar constantemente soluções inovadoras, ponderadas, olhando o conhecimento adquirido até então como uma parcela da ciência global.
No que respeita à aprendizagem de tarefas mais práticas o processo é para mim mais fácil, na medida em que podemos definir padrões de qualidade mensuráveis. O caminho faz-se caminhando e por isso é fundamental como orientadora expor-me como modelo, facilitar a experimentação, incentivar à persistência e ao levantar após a queda, monitorizando o crescimento que se quer permanente, rumo à perfeição, testemunhando no dia a dia que eu própria sou um ser apreendente.
Sou Médica de Família há 27 anos, opção ponderada e tomada no decorrer do curso de medicina e que em cada dia me preenche enquanto pessoa e profissional.
Ser Médica de Família é muito mais do que o que podemos encontrar na literatura existente, pois cada vivência pessoal é constituída pelos múltiplos contactos, “rotineiros” aos olhos de outras especialidades, mas que são constantes desafios. Cada pessoa que vem até nós “deixa um pouco de si e leva um pouco de nós”, como está tão patente nos livros “Contos Médicos”, editados durante alguns anos pela APMGF.
Transmitir estas vivências, olhar para elas com um novo olhar é o desafio que tenho feito a mim mesma e a todos os alunos e internos que se têm cruzado no meu caminho.
Assim neste dia do Médico de Família quero agradecer a todos eles e desejar que em cada dia possam honrar a Medicina Geral e Familiar com força renascida e salutar inquietação na procura permanente da Saúde dos nossos utentes/pacientes.
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