Treze farmácias encerraram e dois profissionais morreram

19 de Maio 2020

Treze farmácias foram obrigadas a fechar durante um período devido a casos positivos de covid-19, tendo dois profissionais morrido vítimas da doença, revelou hoje a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins.

“Já as reabrimos, mas também tivemos pelo menos dois casos fatais”, lamentou Ana Paula Martins aos jornalistas, no final de uma visita a uma farmácia em Benfica, em Lisboa, onde juntamente com o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, fizeram uma entrega simbólica de máscaras cirúrgicas no âmbito do projeto “Todos por quem Cuida”.

Para a bastonária, encerrarem 13 farmácias num universo de quase 3.000 farmácias “felizmente foi bom”, lembrando que “as farmácias são unidades pequenas e quando num espaço há um covid positivo, mesmo com equipas em espelho – a maior parte nem pode fazer isso porque não tem pessoas suficientes – têm de encerrar”.

Ana Paula Martins e Miguel Guimarães salientaram a importância da conta solidária, que vai entregar cerca de 150 mil máscaras cirúrgicas em mais de 1.000 farmácias e laboratórios de análises clínicas espalhados pelo país, para apoiar o regresso à atividade regular das unidades mais fragilizadas pelo impacto da pandemia de covid-19, garantindo a proteção dos colaboradores.

“Até agora foram recolhidos 1,2 milhões de euros, mas as necessidades são muitas e, portanto, estamos agora a tentar gerir o melhor possível este valor para chegar a todos porque os pedidos são imensos e estamos a tentar ajudar em tudo aquilo que nos é possível”, disse a bastonária dos farmacêuticos.

Para o bastonário da Ordem dos Médicos, o “Todos por Quem Cuida” é “um dos principais movimentos solidários que surgiu na sociedade, que tem o apoio de várias instituições”, e que “está a tentar dar uma ajuda naquilo que são as necessidades que os profissionais de saúde e outros profissionais fora da saúde têm tido ao longo desta batalha no contexto da pandemia”.

“Hoje estamos aqui numa farmácia e eu aproveito para realçar o papel importantíssimo que os farmacêuticos tiveram nesta batalha que raramente tem sido realçado”, disse Miguel Guimarães.

“Fala-se muito dos hospitais, fala-se dos centros de saúde mas raramente se fala de cuidados absolutamente essenciais para os portugueses, que são cuidados de proximidade que garantem que os portugueses que têm doenças crónicas, e não só, puderam e possam continuar a ter acesso aos medicamentos”, salientou o bastonário, deixando uma palavra de agradecimento a todos os farmacêuticos.

As dificuldades vividas pelas farmácias forma relatadas por José Mourinho, farmacêutico e diretor técnico da farmácia Gouveia, que manteve sempre as portas abertas e os mesmos serviços como a medição do colesterol, das glicémias, a administração de injetáveis.

Segundo o farmacêutico, foi muito difícil para as farmácias adaptarem-se às novas exigências e responsabilidades resultantes da pandemia.

“No início não estávamos minimamente preparados. No fim de fevereiro, na maior parte das farmácias não havia uma máscara, gel desinfetante nem para uso próprio quanto mais para vender”, recordou.

José Mourinho contou que houve “uma grande exigência das pessoas” e tiveram de andar à procura desses materiais junto de fornecedores certificados.

“Apareciam imensos novos fornecedores que nós não conhecíamos e dos quais não tínhamos sequer referências para saber se os materiais eram adequados para vender”, contou, lembrando que no início de fevereiro uma máscara custava cerca de 10 cêntimos e no início de março já custava 1,5 euros “antes de pôr o IVA”.

Foi uma “fase muito desgastante” porque as pessoas tinham necessidade de determinadas coisas e a farmácia não tinha capacidade de resposta “porque faltavam as coisas no mercado”, disse, contando que recebia cerca de 150 mensagens com pedidos por dia.

Depois, tiveram de adaptar a farmácia, colocando um acrílico de proteção para atender as pessoas. Uma das possibilidades seria o postigo, mas “era terrível” porque os clientes são maioritariamente idosos e perdia-se “a relação de proximidade e de confiança”.

“Tivemos que gastar dinheiro e hoje se me perguntarem quanto é que custou e quanto é que custa todos os dias o uso de luvas e de máscara internamente não faço a mínima ideia”, mas “houve um custo acrescido muito grande nas farmácias”, lamentou.

Neste momento, “as coisas estão razoavelmente normalizadas dentro da farmácia”, onde só podem entrar três pessoas de cada vez para garantir o distanciamento social.

LUSA/HN

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