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Diabetes e hipertensão arterial
A diabetes e a hipertensão arterial (HTA) são simultaneamente doenças crónicas e fatores de risco cardiovascular (FRCV) coexistindo frequentemente. A presença de HTA e outros FRCV associados à diabetes, aumentam o risco global destas pessoas, com consequências relevantes para os níveis de exigência das diferentes estratégias de intervenção terapêutica. Maior risco, maior exigência nos objetivos, maior premência na implementação de medidas e tratamentos adequados.
Os resultados não têm sido animadores para o controlo da diabetes, apesar do esforço global das diferentes estruturas governamentais e de saúde mundial, como a IDF. Para a HTA, as taxas de controlo na população em geral melhoraram bastante nos últimos 10 anos, mas o mesmo não se verifica nas pessoas com diabetes. Grande parte deste insucesso, resulta de fatores socioeconómicos, níveis de iliteracia e fraca comunicação entre os profissionais de saúde e a perceção que as pessoas têm da doença (awareness).
Na população com diabetes, a hipertensão é também mais difícil de controlar, quer pela presença de algumas complicações concomitantes (insuficiência renal, p. ex), quer pela resposta insuficiente dos fármacos.
Ao longo dos anos, os valores-alvo para um controlo otimizado da TA têm sofrido variações, com filosofias mais exigentes ou mais liberais. Atualmente, segundo as mais recentes recomendações internacionais, e tal como se faz para a diabetes, a decisão deve ser feita de forma individualizada. De um modo geral, os objetivos de tratamento, para a maioria dos casos são os 130/80 mmHg, podendo ser um pouco mais nas pessoas em grupos etários mais elevados e devendo sempre evitar as hipotensões.
Como as pessoas com diabetes têm, para além disso, uma prevalência acrescida de HTA noturna, um perfil que agrava o risco de eventos CV major, admite-se que possam haver mais casos que não são detetados, relativamente pouco sintomáticos. O recurso a aparelhos de medição arterial de 24h, como a MAPA, ajuda a despistar estas situações, pelo que se recomenda a sua utilização de forma mais alargada, pese embora a sua acessibilidade ser limitada no SNS. Alternativamente, o registo de TA pelo próprio doente em ambulatório, devidamente explicada pelo médico, permite ajudar no autocontrolo e no ajuste da medicação.
Um bom controlo de TA passa por identificar fatores precipitantes (apneia do sono, ingesta de sal e álcool, interação farmacológica) e selecionar os fármacos mais adequados. Mas o sucesso depende também da colaboração da pessoa. Aceitação, compreensão, adesão terapêutica (não interromper ou modificar o tratamento sem consultar o médico assistente), colaboração com os profissionais de saúde e empenho pessoal.
Se na diabetes a filosofia do autocontrolo está bastante implementada, o mesmo é preciso para a HTA.
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