“Algumas crianças podem não regressar à escola e as meninas estão desproporcionalmente em risco de desistir. Muitas famílias veem a sua atividade económica interrompida e as mais vulneráveis recorrem ao trabalho infantil ou casam as filhas para lidar melhor com a crise”, pode ler-se no relatório, que analisa o impacto socioeconómico do novo coronavírus na Guiné-Bissau.
Com um dos índices de desenvolvimento humano mais baixos do mundo, na Guiné-Bissau a maior parte dos alunos não termina o quarto ano de escolaridade e quase metade das crianças nunca foram à escola.
No âmbito do combate e prevenção à Covid-19, as autoridades guineenses encerraram as escolas por tempo indeterminado.
“A falta de dispositivos tecnológicos e o elevado custo de acesso à Internet torna a educação em casa numa opção não viável para a população em geral”, refere-se no relatório.
No documento salienta-se também que o encerramento das escolas e a falta de perspetivas de emprego devido ao surto de Covid-19 pode levar à radicalização dos jovens e à migração.
Nesse sentido, o relatório salienta que é importante investir em infraestruturas e educação para permitir a criação de emprego e empregabilidade dos jovens e “dar-lhes voz e meios financeiros para serem protagonistas do seu próprio sucesso económico”.
“O retrocesso económico e a falta de serviços de qualidade vai levar mais guineenses a procurar um futuro melhor em outros países”, refere o documento, alertando para a possibilidade de serem alvo de tráfico de seres humanos.
A Guiné-Bissau regista quase 1.200 casos de infeção por covid-19 e oito vítimas mortais.
Em África, há 3.790 mortos confirmados em mais de 129 mil infetados em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 357 mil mortos e infetou mais de 5,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 2,2 milhões de doentes foram considerados curados.
LUSA/HN
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