Enquanto os fregueses estavam confinados, as freguesias continuaram a manutenção dos jardins à sua responsabilidade e tiveram de reforçar a limpeza das ruas e a desinfeção de equipamentos contra a Covid-19, organizando os funcionários em equipas, de forma a não se cruzarem entre si, que em conjunto cobriam 24 sobre 24 horas.
“Ninguém ficou em casa nem um dia”, sublinhou Margarida Martins, presidente da Junta de Arroios, acerca dos seus funcionários, destacando ainda que foram tomadas medidas de segurança para os trabalhadores, como salas de refeições com dois metros entre cada um e turnos para banhos.
Tal como em Arroios, no Parque das Nações, nas últimas semanas, têm sido desinfetados de forma regular os pontos com maior acessibilidade, nomeadamente farmácias e as zonas envolventes, as paragens de autocarro, acessos aos edifícios comerciais e aos supermercados, papeleiras e caixotes do lixo.
“Agora estamos também a desconfinar estes procedimentos. Não há possibilidade, quer do ponto de vista de recursos humanos quer de equipamentos, face ao número de pessoas que ao dia de hoje já estão a desempenhar a sua atividade profissional e que estão na rua, com os meios que temos, dar uma resposta a tudo”, afirmou o presidente, Mário Patrício.
Em declarações à Lusa, a presidente da Junta das Avenidas Novas, Ana Maria Gaspar, queixou-se da falta de pessoal já durante o confinamento, devido às limitações da contratação pública e à obrigatoriedade de formar mais equipas.
“Houve constrangimentos na contratação do pessoal, mas também temos dois postos de higiene urbana desadequados”, disse, salientando que está “já em fase de desenvolvimento” um projeto para “um novo posto de higiene urbana consentâneo com as novas necessidades”.
A autarca destacou ainda que, com a falta de pessoal, a freguesia teve dificuldade em lidar com o agravamento de “uma situação de incivilidade” relacionada com o lixo deixado nas ruas à volta dos ecopontos e os chamados ‘monos’.
“As pessoas adquiriram o hábito extremamente incivilizado de não utilizar os caixotes de lixo para indiferenciados e utilizam ‘a coisa prática’ que é por sacos de lixo na rua, que nós tivemos de recolher. É um trabalho difícil e desafiante, porque conta também com a incivilidade de muita gente, além do trabalho que nós já temos”, acrescentou.
A este esforço há ainda a acrescentar “o novo lixo”, as máscaras e luvas que as pessoas deixam na rua.
No início do confinamento, e para evitar ajuntamentos e o contacto social, em Arroios foram retiradas as mesas habitualmente usadas para jogos como a sueca e o dominó, foram tapados – e entretanto destapados – bancos de jardim, e, tal como nas outras freguesias, encerrados os parques infantis.
De resto, os espaços mantiveram-se abertos e em manutenção diária normal, à exceção do jardim do Monte Agudo e o da Rua da Estefânia, “porque iam para lá pessoas de noite e faziam barulho”, disse Margarida Martins, salientando que também se mantiveram abertas duas casas de banho, para que as pessoas, nomeadamente sem-abrigo, pudessem fazer a sua higiene.
“Os jardins não se podem deixar de tratar diariamente”, com pandemia ou sem pandemia, afirmou a presidente da Junta de Arroios.
Mário Patrício salientou que, embora durante o estado de emergência os espaços verdes na competência do Parque das Nações não tenham, em geral, sido interditados e até tenham sido muito utilizados pela população, levar as pessoas a terem distanciamento social nestes espaços é agora uma das principais preocupações.
“O confinamento permitiu-nos fazer algumas intervenções de maior necessidade. No início do confinamento, as restrições eram muito maiores e isso permitiu-nos trabalhar na manutenção de uma forma mais cuidada e exaustiva”, acrescentou ainda Mário Patrício.
Para incentivar o distanciamento social, no Jardim das Ondas, um dos mais procurados no Parque das Nações, foi instalada este fim de semana uma solução temporária de marcadores circulares.
“Esta instalação, do estilo ‘StoDistante’, é composta por representações visuais pintadas no espaço verde do Jardim das Ondas, utilizando tinta não tóxica para pessoas e animais e inofensiva para o relvado e que aconselham ao uso consciente do espaço, garantindo o afastamento social recomendado pelas autoridades”, informou a autarquia.
Os jardins das Avenidas Novas também nunca fecharam, embora estejam à espera de uma intervenção geral, segundo projetos que estavam já em fase de desenvolvimento e aprovados pela Câmara de Lisboa antes da Covid-19.
Portugal contabiliza pelo menos 1.424 mortos associados à Covid-19 em 32.700 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, que sexta-feira foi prolongado até 14 de junho, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
LUSA/HN
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