Diabéticos que vivem sozinhos ou estão deprimidos aderem pior aos tratamentos

8 de Junho 2020

Investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde concluíram que os doentes com diabetes que vivem sós ou estão deprimidos aderem pior aos tratamentos.

Em comunicado, a FMUP avança esta segunfa-feira que o estudo, publicado na revista portuguesa de Medicina Geral e Familiar, mostra que estar deprimido e viver sozinho são alguns dos fatores “mais associados a uma baixa adesão ao tratamento da diabetes tipo 2”.

No estudo participaram cerca de uma centena de diabéticos, sendo que, em média, os doentes sofriam de diabetes tipo 2 há cerca de 10 anos, tomavam mais de quatro medicamentos diferentes por dia e apresentavam outras doenças, como hipertensão arterial (63%), dislipidemia (46%) e obesidade (38%).

De acordo com a FMUP, cerca de 38% dos participantes não aderiam à terapêutica, ou seja, não tomavam corretamente os fármacos receitados para controlar a doença.

Citado no comunicado, o coordenador do estudo, Paulo Santos, afirma que “os diabéticos com sintomas depressivos ou que vivem sozinhos são os que apresentam pior adesão aos tratamentos”.

Segundo o estudo, esta má adesão ao tratamento aparece associada a níveis significativamente mais elevados de glicose no sangue, traduzidos em valores superiores de hemoglobina glicada, “o que reflete um mau controlo da doença”.

Contrariamente, os diabéticos com hipertensão, que nunca fumaram e que vivem acompanhados, apresentaram taxas mais elevadas de adesão à terapêutica, “evidenciando a importância de determinantes sociais no controlo da doença”.

“Aparentemente, a hipertensão será percebida como uma doença mais grave e, portanto, arrasta consigo uma melhor adesão aos tratamentos neste grupo de diabéticos”, garante o coordenador.

Para Paulo Santos, os resultados obtidos com o estudo “ajudam a perceber quais os doentes em maior risco de não adesão, onde os médicos deverão ter uma atitude proativa de rastreio sistemático do grau de adesão aos tratamentos”.

“Numa perspetiva abrangente, de olhar para a pessoa como um todo e não apenas como o portador de determinada doença”, sublinha.

No documento, a FMUP salienta que, em todo mundo, estima-se que existam 422 milhões de adultos com diabetes, sendo que em Portugal calcula-se que estes doentes representem 13,3% da população, entre os 20 e 79 anos.

LUSA/HN

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