Um estudo realizado por investigadores da Universidade de Granada (UGR) e publicado na revista “Nutrients” indica que, contra todas as probabilidades, o confinamento provocado pela Covid-19 fez com que os espanhóis voltassem à dieta mediterrânica.
Para realizar o projeto COVIDiet, os investigadores do grupo de estudos em Alimentação, Nutrição e Saúde (AGR-141) do Departamento de Nutrição e Ciência Alimentar da Universidade de Granada, lançaram um questionário on-line em 20 de março (uma semana após a declaração do estado de emergência) dirigido à população adulta espanhola, que incluiu perguntas relacionadas com a adesão à dieta mediterrânica e mudanças no comportamento alimentar.
Nomeadamente, em relação ao consumo de produtos processados, fritos, aperitivos, álcool ou formas de cozinhar, além de mudanças na atividade física e no peso corporal. O questionário foi bem recebido, tendo contado com a adesão de 7.514 participantes de todo o território nacional. A maioria (70%) eram mulheres, indivíduos com mais de 35 anos e formação superior.
Os resultados do estudo mostram como a adesão à dieta mediterrânica aumentou globalmente durante o confinamento. Recorde-se que a dieta mediterrânica é considerada um padrão de dieta saudável, no qual se destaca a presença de azeite, frutas, verduras, nozes, vinho tinto e peixe.
Surpreendentemente, a mudança foi maior nos participantes mais jovens (18 a 35 anos). Esta melhoria foi associada a um menor consumo de produtos de pastelaria, carnes vermelhas e bebidas açucaradas ou gaseificadas e um maior consumo de vegetais, frutas e azeite durante o confinamento, em comparação com o padrão habitual de consumo.
Também é interessante verificar que mais de metade dos participantes (57,3%) declara ter diminuído o consumo de álcool, mas também a atividade física (59,6%).
Além disso, durante a fase inicial do confinamento, a maioria dos participantes afirmou não ter introduzido mudanças na forma de cozinhar ou no consumo de aperitivos e de fast food, e 63,7% dos participantes afirmaram não comer mais durante o período confinamento do que habitualmente.
Importa destacar igualmente que, apesar da falta de fornecimento de alimentos no início do confinamento, apenas 28% dos participantes sentiram alguma dificuldade em encontrar alimentos. Nomeadamente, carne (23,83%), vegetais (13,8%) e peixe (12,1%).
O COVIDiet é um projeto internacional, liderado pela investigadora Celia Rodríguez Pérez, do Departamento de Nutrição e Ciência Alimentar da Universidade de Granada, no qual participaram investigadores de 16 países: Espanha, Portugal, Itália, Irlanda, Grécia, Croácia, Dinamarca, Bósnia e Herzegovina, Macedónia, Polónia, Sérvia, Eslovénia, Montenegro, Alemanha e Turquia.
Depois de avaliar o comportamento alimentar da população espanhola durante o confinamento, o próximo passo do projeto COVIDiet será conhecer e comparar como o confinamento devido à Covid-19 influenciou o comportamento alimentar da população dos diferentes países envolvidos no estudo.
“Embora a adesão à dieta mediterrânica durante o confinamento tenha aumentado, os espanhóis ainda estão longe de ter uma boa alimentação. Portanto, devemos manter os comportamentos saudáveis adquiridos durante este período para garantir que se tornem um hábito. Só assim se poderá alcançar um ótimo estado de saúde, com um impacto positivo na prevenção das doenças crónicas e nas complicações decorrentes da Covid-19”, assinalam os autores do estudo.
NR/HN/Adelaide Oliveira
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