E são quimeras …

26 de Junho 2020

A separação imposta pelo COVID 19 tem sido aliviada de diversas formas. Umas mais originais que outras, mas todas tendo como objetivo diminuir a distância entre criaturas.

A maioria delas sustenta-se nas tecnologias da informação, com as teleconferências e o teletrabalho a substituir – dizem que para melhor – o labor presencial.

Como jornalista, também fui atingido por estas novas modalidades de labuta, algumas vezes com bons resultados, a maioria com escasso aproveitamento.

Isto porque se para a maioria enviar convites online para conferências online e depois conseguir entrar nas conferências tem-se revelado fácil, para muitos, essa tarefa degenera em insuportável aflição.

Ou é por causa da roupa (etiqueta online) que nos leva a andar de casaco, gravata e shorts, correndo o risco de inadvertidamente nos movimentarmos e expormos as “partes baixas”, ou é por causa do som, do enquadramento da câmara ou da ligação aos demais convidados.

E Também do que os participantes fizerem. 

Ainda hoje tive uma videoconferência em que o anfitrião tinha o som desligado e mostrava-se irritado – suponho eu – por não ter feedback nosso às suas interpelações.

Acabou como começou: sem pio.

Num tempo em que os trabalhadores também assumem o papel de ama-seca, é também frequente vermos a miudagem a interferir no contacto, exigindo os auscultadores ou carregando aleatoriamente no teclado, o que por vezes tem maus resultados. 

A readaptação ao trabalho puro e duro, nos escritórios, não vai ser “pera fácil”. Para mim não foi. Andei zonzo um bom par de semanas, sem saber o que fazer e adotando instintivamente comportamentos do período de confinamento, como responder ao chefe que me questiona ao lado da minha secretária, colocando os auscultadores e o microfone. 

Confesso: vejo-me frequentemente a falar com o ecrã; a balbuciar para a lapela e a aumentar o som das colunas e do microfone.

Felizmente que trabalho num local pouco movimentado, com poucos colegas. Ainda assim não consigo deixar de reparar nos sorrisos trocistas que fazem quando me ponho nestes preparos.

Ahhhhh. E também acontece, com alguma frequência, ser convidado para conferências em que o único presente sou eu. 

Do mesmo modo, o contacto com as instituições públicas, que se anunciava eficaz, rápido e userfriendly. 

Uma porciúncula Franciscana.

Mesmo agora que estamos todos menos confinados não se consegue obter nada de lado nenhum. Os telefones estão surdos, a internet  unidirecional (chegamos lá mas nada acontece).

Para montar a Empresa na Hora demorei dois meses e ainda faltam alguns passos.

É desesperante. As vezes que pensei mandar àquela parte os irresponsáveis da tecnologia.Gov… ….E mandei mesmo, uma mão cheia delas. 

Enfim, ainda não chegou a hora da tão propalada transição digital.

MMM

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