Medicamentos para controlar o colesterol têm potencial para diminuir a ameaça da COVID-19 à da gripe comum

16 de Julho 2020

Poderá um simples medicamento disponível no mercado há décadas ser usado no tratamento à COVID-19? Uma equipa de investigação liderada pelo Professor Yaakov Nahamias da Universidade Hebraica de Jerusalém diz que as investigações inciais parecem promissoras. As descobertas foram publicadas na Cell Press’ Sneak Peak.

Ao longo dos últimos três meses, Nahmias e o Dr. Benjamin temOever da Escola de Medicina Icahn de Nova Iorque no Monte Sinai, têm-se focado nas maneiras em que o SARS-CoV-2 altera os pulmões dos pacientes para se reproduzir. A principal descoberta? Este vírus previne a queima normal de hidratos de carbono. Como resultado, grandes quantidades de gordura acumulam-se nas células pulmonares, uma condição de que o vírus necessita para se reproduzir. Este novo achado sobre o COVID-19 pode ajudar a explicar porque é que os pacientes têm altos níveis de açúcar no sangue e colesterol, e estão muitas vezes em particular risco de desenvolver COVID-19.

Os vírus são parasitas aos quais falta a capacidade de se replicar por si só, por isso controlam as nossas células para que as utilizem nessa tarefa. “Ao compreender como o SARS-CoV-2 controla o nosso metabolismo podemos disputar o controlo com o vírus e privá-lo dos recursos de que necessita para sobreviver”, explica Nahmias.

Com esta informação em mãos, Nahmias e tenOever começaram a testar medicamentos aprovados pela FDA que interferem na capacidade reprodutiva do vírus. Nos estudos laboratoriais, o medicamento para controlar o colesterol Fenofibrato mostrou resultados extremamente promissores. Ao permitir que as células dos pulmões queimem mais gordura, o Fenobirate rompe com a ligação do vírus a essas células e previne contra a habilidade reprodutiva do SARS-CoV-2. De facto, dentro de apenas cinco dias de tratamento o vírus tinha desaparecido quase por completo.

“Com infeções de segunda vaga a atingirem máximos em países espalhados pelo globo, estes achados não poderiam ter chegado em melhor altura”, partilhou Nahmias, acrescentando que a cooperação global pode trazer a cura. “A colaboração entre os laboratórios Nahmias e tenOever demonstram o poder de adoptar uma abordagem multi-disciplinar ao estudo do SARS-CoV-2 e que as nossas descobertas poderiam verdadeiramente fazer uma diferença significativa na redução do fardo global da COVID-19”, acrescentou tenOever.

Enquanto existem esforços internacionais em andamento para desenvolver uma vacina para o coronavírus, os estudos sugerem que as vacinas podem apenas proteger os pacientes por alguns meses. Por isso mesmo, bloquear a funcionalidade do vírus, em vez de neutralizar o seu efeito, pode ser chave para nivelarmos o campo na questão do COVID-19. “Se os nossos achados forem apoiados por estudos clínicos, o curso do tratamento poderia potencialmente diminuir a severidade do COVID-19 em algo não pior que uma gripe comum”, concluiu Nahmias.

NR/HN/João Daniel Ruas Marques

 

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