Ao longo dos últimos três meses, Nahmias e o Dr. Benjamin temOever da Escola de Medicina Icahn de Nova Iorque no Monte Sinai, têm-se focado nas maneiras em que o SARS-CoV-2 altera os pulmões dos pacientes para se reproduzir. A principal descoberta? Este vírus previne a queima normal de hidratos de carbono. Como resultado, grandes quantidades de gordura acumulam-se nas células pulmonares, uma condição de que o vírus necessita para se reproduzir. Este novo achado sobre o COVID-19 pode ajudar a explicar porque é que os pacientes têm altos níveis de açúcar no sangue e colesterol, e estão muitas vezes em particular risco de desenvolver COVID-19.
Os vírus são parasitas aos quais falta a capacidade de se replicar por si só, por isso controlam as nossas células para que as utilizem nessa tarefa. “Ao compreender como o SARS-CoV-2 controla o nosso metabolismo podemos disputar o controlo com o vírus e privá-lo dos recursos de que necessita para sobreviver”, explica Nahmias.
Com esta informação em mãos, Nahmias e tenOever começaram a testar medicamentos aprovados pela FDA que interferem na capacidade reprodutiva do vírus. Nos estudos laboratoriais, o medicamento para controlar o colesterol Fenofibrato mostrou resultados extremamente promissores. Ao permitir que as células dos pulmões queimem mais gordura, o Fenobirate rompe com a ligação do vírus a essas células e previne contra a habilidade reprodutiva do SARS-CoV-2. De facto, dentro de apenas cinco dias de tratamento o vírus tinha desaparecido quase por completo.
“Com infeções de segunda vaga a atingirem máximos em países espalhados pelo globo, estes achados não poderiam ter chegado em melhor altura”, partilhou Nahmias, acrescentando que a cooperação global pode trazer a cura. “A colaboração entre os laboratórios Nahmias e tenOever demonstram o poder de adoptar uma abordagem multi-disciplinar ao estudo do SARS-CoV-2 e que as nossas descobertas poderiam verdadeiramente fazer uma diferença significativa na redução do fardo global da COVID-19”, acrescentou tenOever.
Enquanto existem esforços internacionais em andamento para desenvolver uma vacina para o coronavírus, os estudos sugerem que as vacinas podem apenas proteger os pacientes por alguns meses. Por isso mesmo, bloquear a funcionalidade do vírus, em vez de neutralizar o seu efeito, pode ser chave para nivelarmos o campo na questão do COVID-19. “Se os nossos achados forem apoiados por estudos clínicos, o curso do tratamento poderia potencialmente diminuir a severidade do COVID-19 em algo não pior que uma gripe comum”, concluiu Nahmias.
NR/HN/João Daniel Ruas Marques
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