Trump reconhece que a situação vai “seguramente piorar antes de melhorar”

22 de Julho 2020

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu esta terça-feira a gravidade da pandemia de Covid-19 no país, durante a sua primeira conferência de imprensa consagrada ao tema desde abril.

“A pandemia vai, seguramente, infelizmente, piorar antes de melhorar. Não gosto muito de o dizer, mas é como é”, disse Donald Trump na Casa Branca, em Washington, antes de apelar a “toda a gente” para usar uma máscara quando não é possível o distanciamento físico.

Satisfeito com o avanço nas investigações científicas sobre possíveis vacinas para a Covid-19, bem como da resolução da falta de testes e de ventiladores, o Presidente norte-americano adotou, pela primeira vez, segundo a France-Presse (AFP), um tom alarmista sobre a propagação da pandemia no sul e no oeste do país, além de “implorar” aos jovens para “evitar os bares lotados”.

“Como sabem, nas últimas semanas observámos uma subida inquietante dos casos em várias regiões do nosso sul”, disse Donald Trump, citado pela AFP.

O Presidente dos Estados Unidos assinalou ainda que foram salvas “potencialmente milhões de vidas com os confinamentos iniciais”, mas manifestou-se “muito consciente” acerca da doença, a Covid-19.

“Colocaremos um fim muito rápido à doença com tratamentos terapêuticos e com uma vacina. O vírus vai desaparecer, desaparecerá”, afirmou Donald Trump, afirmando que a responsabilidade da situação sanitária é partilhada entre ele e os governadores dos Estados.

O apelo de ontem a “toda a gente” para que use máscara segue-se a uma publicação na rede social Twitter na segunda-feira, em que advogou o seu uso como um gesto “patriótico”, depois de ter permanecido durante muito tempo com uma posição ambígua sobre o tema.

“Muita gente diz que é patriótico usar uma máscara quando é impossível distanciar-se socialmente. E não há ninguém mais patriótico do que eu”, escreveu Donald Trump, na segunda-feira, na sua conta pessoal na rede social Twitter, numa publicação acompanhada de uma fotografia sua com uma máscara.

No domingo, segundo a AFP, Donald Trump afirmou que não tencionava obrigar o uso de máscara a nível nacional para mitigar a pandemia, apesar do constante aumento diário de casos e de mortes nos Estados Unidos.

Em 11 de julho, o Presidente norte-americano usou, pela primeira vez em público, uma máscara de proteção, durante uma visita a um hospital militar dedicado à Covid-19, nos subúrbios de Washington, onde se deslocou de helicóptero.

Trump estava a usar uma máscara no corredor do hospital, quando começou a sua visita, mas não a tinha quando saiu do helicóptero, nas instalações.

Os republicanos mais proeminentes, incluindo o vice-presidente, Mike Pence, foram apoiando e aderindo ao uso da máscara à medida que o novo coronavírus ganhava terreno.

Trump, contudo, recusou-se a usar máscara em conferências de imprensa de atualização de dados sobre a situação da pandemia no país, comícios e outros eventos públicos.

Pessoas próximas do Presidente dos EUA disseram à agência de notícias Associated Press que Trump receava que uma máscara o fizesse parecer fraco e que desviasse o foco para a crise de saúde pública e não para a recuperação económica.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 610 mil mortos e infetou mais de 14,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (140.922) e mais casos de infeção confirmados (mais de 3,83 milhões).

LUSA/HN

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