artigo desenvolvido pela Médis com o apoio de David Neto Presidente do Conselho de Especialidade de Psicologia Clínica e da Saúde da Ordem dos Psicólogos Portugueses.

Depressão: mais incapacitante do que muitas doenças físicas

07/31/2020

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Depressão: mais incapacitante do que muitas doenças físicas

31/07/2020 | Opinião | 0 comments

Onde nos encontramos? Para onde queremos ir? Por vezes estas questões escondem problemas que se vão acumulando internamente até deixarem de ser suportáveis. O melhor que temos a fazer é procurar ajuda antes de atingirmos esse pico. No entanto, pode não ser fácil distinguir uma tristeza saudável de uma problemática depressão.

Uma tristeza saudável implica, por exemplo, que ainda consigamos trabalhar ou ter relações produtivas com outras pessoas. É tipicamente reativa e proporcional em relação à situação que a espoleta. Por exemplo, caso ocorra a morte de uma pessoa próxima, a tristeza até pode ser intensa e duradoura mas é proporcional ao acontecimento.

Por sua vez, um estado depressivo compreende mais habitualmente sintomas relacionados com fadiga, falta de energia, problemas de sono ou alterações do apetite. A tristeza, nestes quadros, pode ser mais arrastada e não estar sequer relacionada, de forma tão direta, com eventuais acontecimentos que a tenham precipitado.

A intervenção psicológica pode ser bastante útil para lidar com estes problemas do foro da saúde mental, inclusive do ponto de vista preventivo. Mas, para isso, devemos começar por reconhecer que estes problemas são tão relevantes quanto outros problemas da área da saúde.

A depressão é, na verdade, mais incapacitante do que muitas doenças físicas. Em média, uma pessoa com depressão tem 50% mais de incapacidade do que uma pessoa com angina de peito, artrite, asma ou diabetes. A depressão tem muitos mais custos, é muito mais problemática e não resulta propriamente de atos de vontade, na medida em que uma pessoa não pode simplesmente decidir não estar deprimida.

Em Portugal, estima-se que um em cada cinco portugueses sofre de problemas de saúde psicológica e que 75% das pessoas são alvo de preconceitos. Enquanto sociedade, é nosso dever tentar reduzir de forma gradual o estigma associado a este tipo de perturbações e promover atitudes mais construtivas em torno da saúde mental. É importante que percebamos que todos nós, em determinadas circunstâncias, podemos vir a ter um problema de saúde mental. Até porque esta perceção naturaliza um pouco a experiência.

A perturbação mental é um problema, sim, mas não corresponde a uma falha, a uma deficiência ou a uma fragilidade. Deve simplesmente levar a pessoa a procurar ajuda para resolver e ultrapassar a situação. Até porque, salvo algumas exceções, o facto de alguém ter um problema de saúde mental não significa que o venha a ter para o resto da vida.

Entretanto, resta-nos gerir de forma adequada a nossa saúde mental. O que implica manter, por exemplo, um espaço claro e positivo de descanso, de vida familiar e de amizades, sem nunca o sacrificar em função do trabalho. Assegurar que existem fronteiras entre a vida profissional e a vida pessoal, de modo a que uma não invada a outra. Garantir que a vida profissional está associada a condições mínimas de trabalho, segurança e rendimento – afinal, ninguém consegue estar bem se o trabalho que tem não lhe permitir ter uma vida digna.

Por fim, não nos devemos esquecer que o trabalho pode ser uma fonte de realização. Sentirmos que o que fazemos tem um determinado propósito ou gera impacto na sociedade é algo que enriquece a nossa vida.

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