“Não há dúvida de que este é o resultado do trabalho de gangues cruéis e criminosos que arriscam a vida dessas pessoas ao fazê-las atravessar o Canal da Mancha, uma extensão de mar muito perigosa, em embarcações potencialmente impróprias para a navegação marítima”, acusou Johnson, à margem de uma visita a uma escola em Londres.
“Queremos acabar com isso, juntamente com a França, e fazer com que eles entendam que esta não é uma boa ideia, é uma ideia muito má, estúpida, perigosa e criminosa”, acrescentou, dando a entender que o Reino Unido poderá alterar a legislação após o período de transição do ‘Brexit’ para facilitar as deportações.
De acordo com a AFP, mais de quatro mil migrantes chegaram ilegalmente ao Reino Unido através do Canal da Mancha desde o início do ano, incluindo cerca de 600 apenas desde a última quinta-feira.
A imigração clandestina desde o norte de França para o Reino Unido não é de agora, quer por mar, quer através do túnel sob o canal, em comboios ou em pesados de mercadorias.
Alguns dos migrantes viraram-se agora para as pequenas embarcações, “viagens” promovidas pelos traficantes devido a um maior controlo das fronteiras por causa da pandemia de Covid-19.
O bom tempo de verão tem ajudado a diminuir o risco da travessia do canal da Mancha, uma das rotas marítimas mais frequentadas do mundo. O ponto mais estreito entre as costas francesa e britânica tem 32 quilómetros.
Determinada em tornar esta rota “inviável”, a ministra do Interior britânica, Priti Patel, visitou a guarda costeira hoje no porto de Dover e pediu ajuda à Marinha, que informou estar a estudar o pedido.
Entretanto, Patel nomeou no domingo Dan O’Mahoney, atual comandante do Centro Conjunto de Segurança Marítima do Reino Unido, para a chefia do “Comando da Ameaça Clandestina do Canal” da Mancha.
Esta manhã, um avião da Força Aérea britânica foi destacado para apoiar a guarda costeira, adiantou o Ministério da Defesa.
Na terça-feira, o secretário de Estado britânico para a Imigração, Chris Philp, vai visitar a capital francesa para pedir às autoridades francesas que reforcem os meios contra a imigração ilegal.
De acordo com o Ministério do Interior francês, já foram enviadas tropas adicionais para tentar controlar o fluxo, alegando que, em julho, foram evitadas dez vezes mais travessias do que em julho de 2019.
Disse ainda que está a ser finalizado um plano de luta contra as travessias marítimas ilegais, elaborado em consulta com as autoridades britânicas, para reforçar os meios de controlo na costa marítima e junto aos principais pontos de travessia.
No mês passado, foi criada uma “unidade de informação franco-britânica” para o combate contra os traficantes de migrantes.
LUSA/HN
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