Pandemia afetou mais de 70% dos jovens que estudam e trabalham

12 de Agosto 2020

Mais de 70% dos jovens estudantes ou trabalhadores-estudantes foram afetados negativamente pela pandemia, alertou esta terça-feira a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que aponta o “efeito devastador” da pandemia na educação, formação e trabalho da juventude.

Num inquérito sobre os impactos do novo coronavírus sobre o emprego, educação, direitos e saúde mental, a agência das Nações Unidas assinala que 65% de mais de 12.605 jovens entre os 18 e os 34 anos inquiridos online relataram ter aprendido menos com o fim das aulas presenciais.

No inquérito, conduzido entre 21 de abril e 21 de maio, metade responderam ainda que ter aulas à distância iria atrasar os seus estudos e 9% afirmaram recear uma reprovação.

Um em cada seis estudantes trabalhadores ficaram sem emprego durante o confinamento imposto pela Covid-19 e 38% afirmam sentir incerteza sobre o seu futuro, uma vez que muitos trabalham em setores especialmente afetados, como serviços ou vendas.

Dos que não perderam o emprego, 42% tiveram cortes no vencimento, assinala a OIT, que afirma que a crise pós-Covid-19 vai “criar mais obstáculos no mercado laboral e aumentar o período de transição da escola para o emprego”.

Tudo isto tem impacto na saúde mental e no estudo: Estima-se que é possível que 50% dos inquiridos estejam sujeitos a depressão ou ansiedade e que é provável que 17% estejam mesmo afetados.

O impacto da pandemia na educação dos jovens é superior nos países de rendimentos mais baixos por causa de terem menos acesso à Internet, menos computadores e casas mais pequenas.

Enquanto 65% dos jovens em países com rendimentos mais altos tiveram acesso a aulas por vídeo, isso aconteceu com apenas 18% dos inquiridos que vivem em países mais pobres.

O director-geral da OIT, Guy Ryder, afirmou que a pandemia está causar “vários choques” na vida dos jovens: “não só destrói empregos e perspetivas de emprego como perturba a educação e formação e tem impactos sérios no bem-estar mental”.

“Não podemos deixar que isto aconteça”, defendeu, na véspera do Dia Mundial da Juventude, que se assinala na quarta-feira.

A OIT advoga a reintegração no mercado laboral dos jovens que perderam o seu trabalho ou que estão em regime de ‘lay-off’ e perderam rendimento, bem como apoio psicológico e acesso a benefícios sociais.

Durante a pandemia, um quarto dos jovens inquiridos foi fazer voluntariado, demonstrando “a sua energia para se mobilizarem e fazerem ouvir a sua voz na luta contra a crise”, salienta a OIT.

Exigem-se “resposta políticas urgentes e em grande escala para proteger uma geração inteira de jovens cujas perspetivas de emprego podem ficar permanentemente afetadas pela crise”.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 736 mil mortos e infetou mais de 20,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.761 pessoas das 52.945 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

LUSA/HN

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