Polícia brasileira realiza operação contra desvio de dinheiro na pandemia

13 de Agosto 2020

A Polícia Federal brasileira desmantelou esta quinta-feira uma alegada rede de corrupção formada por funcionários públicos, empresários e políticos, que desviou recursos destinados ao combate à pandemia do novo coronavírus no país.

Na operação Vírion estão a ser cumpridos por mais de 150 policiais federais 36 mandados de busca e apreensão nos estados brasileiros do Amazonas, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pará, Roraima, Santa Catarina e no Distrito Federal.

Os mandados foram expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1.ª Região, após representação da autoridade policial e manifestação favorável da Procuradoria Regional da República (PGR).

Entre os alvos, estão o deputado estadual Jeferson Alves e o ex-secretário de Saúde de Roraima Francisco Monteiro Neto.

Segundo informações divulgadas pela Polícia Federal (PF) brasileira, há suspeita de irregularidades e desvio de dinheiro na aquisição de insumos médico-hospitalares básicos, respiradores, testes rápidos, material informativo impresso e leitos em hospitais particulares realizadas em Roraima, no valor de 50 milhões de reais (7,8 milhões de euros).

“O inquérito policial aponta que um ex-secretário de saúde de Roraima, enquanto no cargo, teria se articulado com um deputado estadual e direcionado contratações para empresas integrantes do esquema, inclusive promovendo o rateio de percentuais de quanto seria direcionado a quais empresas”, referem as autoridades.

O deputado Jeferson Alves ficou conhecido em fevereiro deste ano por um vídeo que circulou nas redes sociais no qual é visto usando uma motosserra para romper um bloqueio feito por um grupo de indígenas na estrada que liga as cidades de Manaus, capital do Amazonas, a cidade de Boa Vista, capital de Roraima.

Segundo as autoridades, a rede de corrupção investigada neste caso aproveitou o estado de emergência decretado por estados e municípios na pandemia, que permitiu compras sem todos os requisitos exigidos em uma licitação para cometer as fraudes.

As investigações sugerem que a alegada organização criminosa aproveitou-se da possibilidade de contratações diretas, em razão da pandemia, para facilitar os crimes.

“Verificou-se que os procedimentos não seguiam ordem cronológica, de forma que processos mais antigos seriam preteridos em favor dos de interesse do grupo, bem como teriam o trâmite concentrado em único setor da Secretaria de Saúde, sem qualquer transparência ou publicações”, pode ler-se no comunicado sobre a operação emitido pela Polícia Federal.

A Controladoria-Geral da União (CGU), que tem auxiliado as investigações, identificou diversos indícios da prática de supervalorização dos preços e de irregularidades nas contratações e nos pagamentos.

“Além disso, também foi verificada, pela CGU, uma falta de transparência na execução dos recursos federais destinados à Roraima, o que dificulta a própria fiscalização dos gastos”, concluiu a autoridade policial.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de infetados e de mortos (mais de 3,1 milhões de casos e 104.201 óbitos), depois dos Estados Unidos.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 749 mil mortos e infetou mais de 20,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

LUSA/HN

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