“Todos temos receios relativos à segunda vaga [da pandemia da covid-19], portanto abraçamos a difícil missão de em 90 dias ter isto [unidade de cuidados intensivos] aberto. Em novembro, temos de ter isto pronto e abrimos a urgência em data muito próxima”, disse Rui Guimarães, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E).
Dirigindo-se a técnicos, engenheiros, o empreiteiro da obra, e num espaço em obras onde estavam muitos profissionais de saúde, o responsável falava perante o primeiro-ministro, António Costa, a ministra da Saúde, Marta Temido, bem como os presidentes de câmara de Vila Nova de Gaia e Espinho, Eduardo Vítor Rodrigues e Pinto Moreira.
Já no exterior do edifício, junto a um mural de homenagem aos profissionais – trabalho realizado por Miguel Mazeda, que é pontuado com um poema de João Luís Barreto Guimarães, poeta premiado e cirurgião do Centro Hospitalar – Rui Guimarães disse que “todos os dias pessoas de todo o país dirigem-se ao hospital de Gaia” porque este é “claramente dos melhores” e “claramente o melhor em algumas áreas referência”.
Já recordando os recentes desafios com a pandemia da covid-19, o presidente do conselho de administração frisou que este centro hospitalar “soube reinventar-se” e fazer um “estica e encolhe invulgar e inovador no setor”.
Segundo Rui Guimarães, foram realizadas 70 mil teleconsultas, a hospitalização domiciliária aumentou e o hospital passou a entregar medicação em casa dos utentes, isto depois, disse, de “em dezembro, ter terminado com a lista de espera com mais de um ano para consultas”.
“Também registamos uma baixíssima taxa de infeção entre profissionais. E ironicamente a covid-19 aproximou-nos. Os profissionais de saúde estão muito gratos a todos quantos, empresas e particulares, quiseram ajudá-los e mimá-los neste momento. Em julho e agosto tivemos uma atividade clínica superior à de igual período no ano passado. Não estamos a recuperar, estamos a superar. O hospital merece uma classificação coincidente com a sua qualidade. Contamos com o Governo”, disse Miguel Guimarães.
A visita de hoje serviu para ver as obras do CHVNG/E, empreitada que integra o Plano de Reabilitação Integrado e que está dividida em três fases de intervenção.
Neste momento está em conclusão a fase B que representa um investimento de 13 milhões de euros em infraestruturas e dois milhões de euros em equipamentos.
Esta fase inclui, entre outras valências, a construção de um novo internamento, equipamento já concluído, e a ampliação e renovação da urgência, essa em conclusão. Sobre a urgência, que deverá abrir em outubro, ficou a saber-se que o espaço atualmente com cerca de 1.900 metros quadrados passará a ser de 5.000.
Já o internamento já esteve em funcionamento em jeito de unidade de contingência devido à covid-19, estando agora a ser reorganizado para apoio a todas as valências.
A visita de hoje assinalou, ainda, o arranque da nova unidade de cuidados intensivos, orçada em 3,3 milhões de euros e a conclusão de uma nova área do Serviço de Imagiologia, recém-equipado com uma sala telecomandada, que dispõe de equipamentos de diagnóstico e intervenção, no valor de 700 mil euros.
Ao longo do percurso, numa visita que durou mais de duas horas, Rui Guimarães foi explicando à comitiva de António Costa o que representam os vários setores e equipamentos de uma ala praticamente nova que inclui 30 camas para as unidades de urologia e otorrino e que conta com uma sala de raio X multifunções que não existia e que deverá servir também outros hospitais da região.
Outra das valências e apostas destacadas esta manhã, desta feita pelo presidente da câmara de Gaia, foi o apoio e resposta aos lares de idosos e dedicados à área da deficiência.
“Este hospital tem feito um trabalho de excelência mesmo sem o mediatismo de outros. Os 59 lares do concelho foram testados e apoiados. Graças ao trabalho em rede com o CHVNG/E, Gaia manteve a estabilidade”, disse Eduardo Vítor Rodrigues.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 787 mil mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 1.788 em Portugal.
No concelho de Vila Nova de Gaia, de acordo com o boletim da Direção-Geral da Saúde de segunda-feira, estão registados 1.857 casos de infeção.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
LUSA/HN
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