Federação dos Médicos repudia palavras do primeiro-ministro e exige respeito

24 de Agosto 2020

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) repudiou esta segunda-feira as declarações do primeiro-ministro, numa curta conversa privada com jornalistas do Expresso, e pede respeito pelos médicos e o apuramento das responsabilidades no caso das mortes num lar em Reguengos.

Em comunicado a FNAM alude a um pequeno vídeo, de sete segundos, que circula nas redes sociais, que mostra António Costa numa conversa privada com os jornalistas alegadamente chamando “cobardes” aos médicos envolvidos no caso do surto de Covid-19 em Reguengos de Monsaraz, que matou 18 pessoas.

“Estas declarações, proferidas por um chefe de Governo, são chocantes e totalmente inapropriadas, insultando de forma vergonhosa e indigna todo um grupo profissional cuja competência, capacidade de trabalho e resiliência para exercer a sua profissão em condições cada vez mais degradadas, pondo os interesses dos doentes acima de qualquer outra consideração, não pode ser contestada”, afirma a federação dos médicos.

A estrutura sindical desmente também as afirmações de António Costa de que os médicos se recusaram a prestar serviço no lar.

“Os médicos têm vínculo com a sua entidade empregadora, que não é o lar de Reguengos de Monsaraz, e têm obrigações para com os utentes da unidade onde desempenham funções – o Agrupamento de Centros de Saúde do Alentejo Central”, refere a nota.

Segundo a FNAM, os médicos prestaram assistência aos utentes do lar “de forma voluntária, apesar das condições desumanas em que os encontraram, e cumpriram a sua obrigação de denúncia desta situação de abandono e da falta de segurança em que lhes foi exigido desempenhar as suas funções”.

A FNAM exige que António Costa se retrate “das declarações insultuosas” que proferiu e que o presidente da administração regional de Saúde do Alentejo, a diretora-geral da Saúde e as ministras da Saúde e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social “assumam as suas responsabilidades” no caso do lar de Reguengos.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Maioria dos médicos já atingiu as 150 horas extras nas urgências

A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) avançou esta sexta-feira que a esmagadora maioria dos médicos que faz urgência já atingiu as 150 horas extraordinárias obrigatórias, reclamando “respostas rápidas”, porque “já pouco falta para o verão” e as urgências continuam caóticas.

Ordem convida URIPSSA e URMA para debater situação dos enfermeiros das IPSS

A Secção Regional da Região Autónoma dos Açores da Ordem dos Enfermeiros (SRRAAOE) formalizou esta semana um convite no sentido de requerer uma reunião conjunta entre a Ordem dos Enfermeiros, a União Regional das Instituições Particulares de Solidariedade Social dos Açores e a União Regional das Misericórdias dos Açores.

SIM diz que protocolo negocial com tutela será assinado em maio

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) anunciou esta sexta-feira que o protocolo para iniciar as negociações com o Governo será assinado em maio, esperando que ainda este ano se concretize um calendário de melhoria das condições de trabalho dos médicos.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights