O estudo apresentado no Congresso Internacional da Sociedade Respiratória Europeia é o primeiro do seu género a medir a tosse dos pacientes ao longo de várias noites, e mostra que é um sinal de que a asma se está a deteriorar.

Os investigadores dizem que a aplicação pode representar uma nova forma de ajudar os pacientes e os seus médicos a monitorizar a asma e a ajustar a medicação para manter os sintomas controlados.

O estudo foi liderado pelo Dr. Frank Rassouli, do Hospital Cantolan em St. Gallen, na Suiça. Numa conferência virtual, o Dr. Frank disse que, “até agora, não tínhamos uma ferramenta confiável para medir os sintomas de asma das pessoas ao longo na noite, por isso sabemos pouco sobre a tosse noturna e sobre o que significa”.

“O foco atual do nosso grupo de investigação +e utilizar a tecnologia e intervenções simples para melhorar a gestão de doenças crónicas pulmonares, como asma e doença pulmonar obstrutiva crónica. Os smartphones têm muito potencial para monitorizar diferentes sintomas e detetar alterações cedo, por isso trabalhámos com os nossos padrões de investigação da Universidade de St. Gallen e da ETH Zurich para desenvolver uma aplicação para medir a tosse”.

O estudo envolveu 94 pacientes com asma que estavam a ser tratados em duas clínicas na Suíça: o Centro do Pulmão, no Hospital Cantonal, e no mediX Group Practice, em Zurique. Cada paciente visitou a sua clinica de asma no início e fim do estudo e foi avaliado no seu uso dos tratamentos de asma, sintomas tais como a perda de folego e se a sua asma teria ou não impacto na vida diária.

Durante 29 dias os pacientes dormiram com o smartphone no quarto com a aplicação a medir o barulho da sua tosse noturna. A aplicação também pedia aos pacientes que relatassem os seus sintomas noturnos.

Os investigadores encontraram que a quantidade de tosse noturna variou muito de um paciente para o outro, mas também foi descoberta uma forte correlação entre um aumento da tosse noturna ao longo de uma semana e a consequente agravação dos sintomas de asma.

O Dr. Rassouli diz que “os resultados sugerem que a tosse noturna pode ser medida de forma bastante simples com uma aplicação de smartphone e que o aumento na tosse noturna é um indicador que a asma se esteja a deteriorar. Monitorizar a asma é mesmo importante porque se conseguirmos ver os sintomas mais precoces de que estará a piorar, podemos ajustar a medicação para prevenir os ataques de asma”.

Agora utilizam a aplicação smartphone para monitorizar com sucesso a tosse em pessoas com asma. O Dr. Rassouli e a sua equipa planeiam testar a mesma tecnologia com pessoas que têm doença pulmonar obstrutiva crónica.

Thierry Troosters, que não esteve envolvido no estudo, é o presidente da Sociedade Respiratória Europeia e professor em Ciências da Reabilitação na KU Leuven, na Bélgica. Troosters afirma que “a asma é uma condição comum que afeta milhões de pessoas só na Europa. Não pode ser curada, mas ao assegurarmos que os pacientes utilizam os seus tratamentos como prescritos pelos seus médicos conseguimos mante-la controlada. Asma descontrolada pode interferir com a escola ou o trabalho e levar a ataques sérios de asma”.

“Este estudo oferece uma potencial nova forma de monitorizar os pacientes para sinais de que a sua asma pode estar a piorar, e o facto de funcionar através de um smartphone faz com que seja acessível à maioria dos pacientes. A aplicação pode também ser tornar mais fácil reunir imensos dados para estudar a tosse noturna na asma e em outras condições respiratórias. A mistura elegante entre fácil de utilizar e o hardware disponível de um smartphone, combinado com a inteligência artificial que pode trabalhar dados “barulhentos” vai dar ao médicos olhos e ouvidos adicionais para julgar a condição clinica dos pacientes na vida real, em vez de apenas no consultório”.

“Os pacientes com asma deviam ainda assim consultar o seu médico se sentem que os sintomas estão a piorar de qualquer forma, mesmo que tecnologias como estas não salientem um aumento na tosse noturna ou em qualquer outro sintoma”.

NR/HN/João Daniel Ruas Marques