Embora a família dos picornavírus deva o nome ao pequeno tamanho dos vírus, inclui uma grande e variada seleção. O mais notório é talvez o vírus da poliomielite, que pode ser rastreado até às listas de epidemias do Antigo Egipto. Infelizmente, os picornavírus são igualmente atuais e causam uma série de doenças mais ou menos graves que têm grande impacto médico e socioeconómico.
Na dissertação “Infeção, eventos de entrada precoce e processos de replicação dos picornavírus”, Helena Vandesande estuda como diferentes tipos de vírus da família picorna se propagam, como se transmitem facilmente e como interagem com as células do corpo humano.
A sua dissertação compreende estudos em quatro projetos diferentes, cada um deles contribuindo para uma melhor compreensão de como os picornavírus se replicam nas células hospedeiras. Estes estudos também contêm informação sobre como os picornavírus se propagam na sociedade e a sua propensão para causar doenças.
Os agentes patogénicos específicos da família de vírus estudados incluem o equovírus 30, o coxsackievírus B5, o rinovírus C34, e o vírus Saffold. O equovírus 30, um picornavírus do grupo dos enterovírus, apesar do seu papel como principal causa de meningite viral, não tinha sido previamente estudado.
“Na dissertação, estudámos como o equovírus 30 entra e assume o metabolismo da célula-alvo infetada e vimos como, na infeção, atua de forma semelhante a outros tipos de enterovírus”, diz Helena Vandesande.
Além do equovírus 30, a autora estudou o coxsackievírus B, que pode causar desde problemas digestivos a pericardite; o rinovírus C, o tipo de vírus mais comum numa constipação, mas que também pode provocar pneumonia e asma; bem como o vírus Saffold. Descoberto em 2007, afeta o trato gastrointestinal e o aparelho respiratório.
“Na infeção por coxsackievírus B, proteínas específicas determinam a relação entre partículas de vírus ativas e partículas de vírus inativas, o que afeta a eficácia com que o vírus se pode replicar. Além disso, demonstramos na dissertação que o rinovírus C34 mostra um potencial de crescimento limitado em culturas celulares. Por último, verificamos também a ocorrência do vírus Saffold na Suécia e mostramos, pela primeira vez, que este vírus surge em alguns doentes idosos com diarreia”.
Em conclusão, a dissertação de Helena Vandesande contribui para uma melhor compreensão de como diferentes picornavírus capturam a célula hospedeira e como as alterações no material genético podem afetar o potencial de infeção do vírus. Também contribui para o conhecimento geral da biologia do picornavírus e torna possível dar os primeiros passos no sentido de um melhor tratamento e cuidado dos pacientes.
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NR/HN/Adelaide Oliveira
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