Estudo revela como as proteínas celulares controlam a disseminação do cancro

26 de Agosto 2020

Novas descobertas podem ajudar a direcionar a pesquisa de medicamentos anti-cancerígenos.

O conhecimento dos mecanismos celulares que controlam o crescimento e migração do cancro poderia ajudar na procura de medicamentos anti-cancerígenos eficazes. Um estudo conduzido pela Universidade McGill, do Canadá, revela os processos bioquímicos fundamentais que fazem avançar a nossa compreensão do cancro colorretal, o terceiro cancro mais comum entre os canadianos.

Utilizando a linha de luz CMCF (Canadian Macromolecular Crystallography Facility) da Canadian Light Source (CLS) da Universidade de Saskatchewan, cientistas da Universidade McGill e da Universidade de Osaka, no Japão, conseguiram compreender o comportamento de uma enzima envolvida na disseminação de células cancerígenas.

Num estudo publicado no “Journal of Biological Chemistry”,  a equipa de investigação descobriu que existe uma delicada interação entre a enzima, PRL3, e outra proteína que transporta o magnésio para o interior e para o exterior das células. Esta interação é crucial para o crescimento do cancro colorretal.

“Estas enzimas foram observadas pela primeira vez em células hepáticas que se ativaram para começar a crescer, pelo que de alguma forma atuam como um sinal de crescimento”, referiu o Dr. Kalle Gehring, professor de bioquímica da Universidade McGill e o autor correspondente do estudo.

Pensava-se que as proteínas PRL3 atuavam como enzimas para controlar as células cancerígenas. Portanto, foi uma surpresa quando Gehring e a sua equipa descobriram que uma mutação, que conduz a uma perda da atividade da enzima, continuava a manter a mesma influência sobre o crescimento e a migração do cancro.

“O que o nosso trabalho mostrou é que uma segunda atividade da PRL3 – 0 controlo de um transportador de magnésio – é o sinal para que o cancro “viaje” para outras partes do corpo. Foi muito emocionante verificar que a proteína mutante, que não tem atividade catalítica mas que ainda se liga muito estreitamente às proteínas de transporte de magnésio, se tenha revelado tão oncogénica quanto a proteína do tipo selvagem”, referiu Kalle Gehring.

As descobertas da equipa põem em causa hipóteses antigas sobre o papel que a PRL3 desempenha na propagação do cancro e indicam que o mecanismo de ligação é, de alguma forma, fundamental.

Compreender que a união dos transportadores de magnésio – e não a atividade catalítica da enzima – tem influência no crescimento do cancro e na sinalização da migração, é uma informação fundamental para identificar novos compostos que previnam a disseminação do cancro.

Mudar o enfoque à capacidade da enzima para unir-se aos transportadores de magnésio é uma forma de ajudar as empresas a identificar melhores terapias para o cancro através de métodos de deteção de fármacos.

As futuras investigações irão incluir estudos detalhados sobre o papel do transportador de magnésio e as suas interações com a PRL3.

NH/HN/Adelaide Oliveira

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