O estudo, desenvolvido pelo Centro de Investigação em Estudos da Criança da Universidade do Minho e a que a que a Lusa teve hoje acesso, visava compreender como é que os estudantes universitários se adaptaram aos “contextos de ensino e aprendizagem ‘online’” e analisar o método de avaliação das aprendizagens.
Nesse sentido, os investigadores lançaram um inquérito ‘online’, no qual, entre 12 de junho e 12 de agosto, participaram 2.718 estudantes de várias instituições do Ensino Superior do país, incluindo as ilhas.
Destes estudantes, maioritariamente com idades entre os 20 e 25 anos, a frequentarem a licenciatura ou mestrado e provenientes das áreas de Engenharia, Educação, Medicina, Psicologia e Direito, 98,1% tinham computador próprio e 98,5% acesso à Internet.
Questionados sobre os principais obstáculos enfrentados com o ensino à distância, 72,7% dos estudantes afirmaram ter sido a dificuldade de concentração, seguindo-se a gestão do tempo (66%) e a gestão de tarefas e trabalhos solicitados (65,9%).
“A falta de apoio por parte dos professores e a dificuldade em responder às suas solicitações são identificadas por 43,9% e 43,0% dos alunos, respetivamente”, lê-se no estudo, coordenado também pelo Centro de Investigação em Ciência Psicológica da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa.
Para ultrapassar as dificuldades, 77,2% dos estudantes afirmaram ter recorrido a colegas, seguindo-se os familiares (34,6%) e professores (27,9%).
Quanto ao encerramento das instituições, 38,6% dos estudantes referiram que se adaptaram “mal ou muito mal” à situação e 37,6% que se adaptaram “bem ou muito bem”.
“Convidados a justificar a resposta”, os estudantes que se adaptaram mal ou muito mal apontaram, entre outras questões, aspetos ligados às características do ensino à distância, redução da qualidade da aprendizagem, sentimentos e emoções negativas, falta de interação e socialização com os colegas e professores e falta de apoio e orientação.
Paralelamente, os estudantes que se adaptaram bem ou muito bem ao ensino à distância afirmaram existir “benefícios associados”, nomeadamente menos gastos e deslocações, melhor gestão do tempo, gravação das aulas e flexibilização da aprendizagem.
À semelhança do encerramento das instituições, também na avaliação da experiência de aprendizagem ‘online’ as “opiniões se dividem”, com 40,9% dos estudantes a considerarem “boa ou muito boa” e 40,6% a referirem ter sido “má ou muito má”.
Relativamente às perceções sobre a avaliação, 67,7% dos estudantes afirmam que é mais “propícia à fraude do que a presencial”, 55,1% referem ser “mais injusta”, 53,2% consideram “mais difícil” e apenas 27,1% dizem sentir-se satisfeitos.
Questionados ainda sobre “como desejariam o próximo ano letivo”, 56,1% dos estudantes disse preferir o ensino misto, 36% o ensino presencial e “apenas uma minoria” (7,3%) referiu o ensino à distância.
“A escolha com o ensino misto prende-se com questões de segurança e saúde, com possibilidade de ter aulas gravadas e com maior comodidade proporcionada pelo ensino à distância”, indica o estudo.
No documento, os autores do estudo defendem que a identificação dos motivos que afetaram a adaptação dos estudantes “sugere a necessidade de as instituições do Ensino Superior promoverem um conjunto de competências autorregulatórias e sócioemocionais essenciais para o estudante lidar com a incerteza e imprevisibilidade que caracteriza o momento atual”.
“Outro dos aspetos a considerar prende-se com a avaliação que deverá ser objeto de reflexão no sentido de uma maior diversidade de instrumentos, reforçando as estratégias de ‘feedback’ e de participação dos alunos tendo em conta o contexto de ensino à distância, consideram.
LUSA/HN
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