A afirmação foi publicada pelo chefe de Estado brasileiro em mensagens na rede social Twitter endereçada aos agentes do mercado financeiro, que temem que o Governo brasileiro aumente ainda mais os já elevados gastos públicos durante uma aguda crise fiscal para atender um programa social em discussão a pedido do próprio Bolsonaro.
O Presidente brasileiro confirmou nas redes sociais que a “responsabilidade fiscal” é uma prioridade na sua gestão.
As dúvidas surgiram no quadro de um profundo debate no Governo em busca de fórmulas para ampliar os gastos públicos com subsídios sociais, que saltaram exponencialmente desde abril passado para mitigar o impacto económico da covid-19.
Até à eclosão do novo coronavírus, cerca de 40 milhões de pessoas recebiam cerca de 200 reais (30,26 euros) por mês através do programa Bolsa Família, criado em 2003 pelo Governo do ex-presidente Lula da Silva.
Com a pandemia, o valor da ajuda aumentou para 600 reais (90,78 euros) e chegou a atingir cerca de 65 milhões de pessoas, já que incluía beneficiários do Bolsa Família e também trabalhadores que perderam os seus empregos por causa da covid-19.
Essa maior atenção às classes populares teve um impacto político e a popularidade de Bolsonaro, a favor de uma economia ultraliberal do Estado mínimo, disparou com o seu índice de aprovação atingindo 40%, o maior nível em 21 meses.
Para manter esse apoio, Bolsonaro encarregou sua equipa económica de encontrar uma fórmula para reforçar o Bolsa Família a partir de janeiro, quando terminará a ajuda emergencial aprovada pelo Congresso para a pandemia, já reduzida a metade do valor desde setembro.
Bolsonaro explicou no Twitter que os estudos do Governo para aumentar a ajuda aos pobres pretendem “antecipar os graves problemas sociais que podem surgir em 2021 se nada for feito para atender aquela massa que perdeu tudo, ou quase tudo”.
Também fez questão de responsabilizar prefeitos e governadores pela situação social acusando-os de promoveram as medidas de isolamento social na pandemia apesar da oposição do Governo a essas restrições.
“A política de ‘ficar em casa porque a economia vem depois’ acabou e veio o ‘depois’. A imprensa, que tanto apoiava o ‘ficar em casa’, agora não apresenta opções para atender a esses milhões de desabrigados”, escreveu Bolsonaro.
O chefe de Estado apontou que “os responsáveis pela destruição de milhões de empregos estão agora calados”, embora a maioria das economias do mundo tenham tido prejuízos, incluindo países onde as medidas de isolamento social foram mais brandas.
Bolsonaro também rejeitou, conforme alegado por setores da oposição, que a intenção de estender os subsídios sociais a partir de janeiro tenha objetivos políticos e vise escorar sua possível reeleição em 2022.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (mais de 4,7 milhões de casos e 142.058 óbitos), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão de mortos e mais de 33,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
LUSA/HN
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