“As exportações têm uma evolução mais negativa do que o indicador de procura externa dirigida à economia portuguesa, com uma queda de 19,5%, devido à evolução das exportações de turismo e de serviços relacionados”, pode ler-se no Boletim Económico hoje divulgado.
Já a “redução da elasticidade das importações face à procura global ponderada por conteúdos importados, que tende a acontecer em períodos de contração, resultará numa maior rigidez das importações”, que o Banco de Portugal estima em 12,4%.
No anterior Boletim Económico, divulgado em junho, o BdP previa uma queda das exportações de 25,3% e das importações de 22,4%.
“Neste contexto, e tendo em conta que Portugal é um exportador líquido de turismo, antecipa-se uma redução significativa do saldo da balança de bens e serviços, refletindo um forte efeito de volume negativo, que é parcialmente compensado por um efeito de termos de troca positivo, associado à queda acentuada do preço do petróleo”, adianta o BdP no boletim.
A instituição liderada por Mário Centeno, ex-ministro das Finanças, realça também que “a balança de bens e serviços deverá tornar-se deficitária, sendo esta evolução determinante para a deterioração do saldo da balança corrente e de capital para -0,6% do PIB [Produto Interno Bruto]”.
Desta forma, “em 2020 a economia portuguesa deverá registar necessidades líquidas de financiamento face ao exterior, interrompendo a sequência de excedentes externos registada desde a anterior crise”.
O banco central ressalva que “as perspetivas de curto prazo para a economia portuguesa continuam rodeadas de incerteza associada à evolução da pandemia”, e que “o prolongamento da crise pandémica pode conduzir a um ciclo de retração da despesa e da oferta”.
O Banco de Portugal prevê uma recessão económica de 8,1% em 2020 devido à pandemia de Covid-19, melhor do que os 9,5% projetados em junho, segundo no Boletim Económico hoje divulgado.
“A economia portuguesa cairá 8,1% em 2020, reflexo de uma queda homóloga de 9,4% no primeiro semestre e de uma recuperação na segunda metade do ano, que se traduz numa variação homóloga de -6,8%”, pode ler-se no documento.
A projeção agora apresentada revê 1,4 pontos percentuais em alta a previsão de junho, reflexo de um impacto mais reduzido do confinamento na economia portuguesa e de uma reação das empresas e famílias melhor do que a antecipada, adianta o banco central.
O Banco de Portugal prevê também que a taxa de desemprego seja de 7,5% em 2020, uma revisão em baixa face aos 10,1% projetados no Boletim Económico de junho.
LUSA/HN
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