Associação defende que professores devem ter formação especifica para ajudar crianças disléxicas

9 de Outubro 2020

A Associação Portuguesa de Dislexia defende a formação generalizada dos docentes do pré-escolar e 1.º ciclo para que detetem precocemente as crianças disléxicas de forma a que a intervenção possa ser feita o mais atempada possível.

Para a associação Dislex seria importante o desenvolvimento de um projeto de intervenção nacional de formação de docentes.

“Daqui decorreria um efeito extraordinário ao nível do sucesso escolar”, garante a associação num memorando entregue ao Governo assinalando assim o Dia Mundial da Dislexia que se celebra no sábado.

A dislexia é uma disfunção neurológica, que se manifesta ao nível da dificuldade de aprendizagem da leitura, em pessoas com inteligência normal ou acima da média.

Quem sofre de dislexia apresenta um esforço acrescido para distinguir letras, formar palavras e compreender o seu significado.

Algumas crianças, apesar de revelarem boas capacidades intelectuais, sentem dificuldades nas aquisições escolares iniciais, baseadas maioritariamente em símbolos, em geral, essas crianças possuem algumas áreas imaturas e de baixa eficiência as quais, por serem pré-competências em relação ao ato de ler e escrever, se não revelarem um adequado desenvolvimento, provocam alterações na aquisição e desenvolvimento da leitura, escrita e por vezes matemática.

Segundo a associação, a maioria das crianças com dificuldades de aprendizagem fica sem apoios especializados, porque se entende que aos docentes do ensino geral cabe fazer a diferenciação pedagógica e oferecer os apoios específicos necessários, contudo se não tiverem a formação adequada nesse campo não saberão como fazer, esgotando assim o melhor tempo para intervir.

No entender da associação, a promoção de pré-competências de Leitura-Escrita, no Jardim Infantil, deveria ser prioritária, de forma a que qualquer criança, antes da entrada na escola, fosse “avaliada” quanto ao seu desenvolvimento (consciência fonológica e linguagem compreensiva e expressiva), psicomotricidade (esquema corporal, reconhecimento lateral, orientação no espaço e no tempo), perceção auditiva, visual e tátil, coordenação motora, ampla e fina, memória e atenção.

A Dislex defende a necessidade de formação especifica para os docentes.

Helena Serra, presidente da Associação Portuguesa de Dislexia explicou em declarações à agência Lusa que com essa formação os docentes ficam aptos a intervir usando técnicas que permitem melhorar as competências destas crianças.

A prevalência da dislexia é de 5% a 10% de alunos do sistema escolar, o que equivale a várias dezenas de milhares de alunos.

Ainda que esteja relacionada com a aprendizagem da leitura, a dislexia pode ter consequências noutras áreas académicas e a nível emocional e comportamental.

É frequente a comorbidade com outras perturbações: perturbação específica da linguagem, discalculia, disortografia, descoordenação motora, défice de atenção com ou sem hiperatividade, alterações do comportamento, perturbação do humor, perturbação de oposição e desvalorização da autoestima.

A associação considera que à escola compete a aplicação de medidas universais de formação e orientação dos seus docentes assim como de medidas seletivas, com a implementação de Apoios Psicopedagógicos específicos, dados em pequeno grupo.

LUSA/HN

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