Incêndios mataram cinquenta pessoas em outubro de 2017

14 de Outubro 2020

Cinquenta pessoas morreram devido aos incêndios de outubro de 2017, que destruíram empresas, casas, infraestruturas públicas, explorações agropecuárias e 290 mil hectares de floresta na região Centro.

O balanço destes fogos inclui pelo menos 70 feridos, cerca de 1.500 casas e 500 empresas devastadas, total ou parcialmente, nos 38 municípios afetados, sobretudo no interior do país.

Um dos incêndios deflagrou na manhã de 15 de outubro, no concelho da Lousã, e alastrou aos concelhos de Vila Nova de Poiares e Penacova, no distrito de Coimbra, acabando as labaredas, empurradas pelo vento, por juntar-se a outras frentes de fogo noutros municípios do interior.

Antes de entrar no concelho de Poiares, ainda na Lousã, o fogo não causou a morte de pessoas, mas consumiu empresas na zona industrial de Serpins e uma exploração pecuária com centenas de caprinos, bem como a Fábrica de Papel do Boque, exemplar raro da arqueologia industrial, entre outros danos avultados.

Fundada no século XIX, a unidade papeleira da empresa Viúva Macieira & Filhos estava desativada e tinha sido distinguida em 1992 como imóvel de interesse municipal, tendo a Câmara da Lousã avançado, em 2018, com o processo que levou à sua desclassificação.

Segundo dados divulgados pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), foram registados 268 milhões de prejuízos na área empresarial nos diferentes concelhos atingidos pela tragédia.

Para relançar a capacidade produtiva, o Governo criou o programa Repor para apoiar perto de 400 empresas, que realizaram um investimento de 131 milhões de euros, dos quais 100 milhões de financiamento público, com o objetivo de salvar e criar 4.221 empregos.

Há um ano, a então presidente da CCDRC e atual ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, disse à Lusa que estavam ainda em reconstrução 30 habitações incluídas, em 2019, no Programa de Apoio à Recuperação de Habitação Permanente (PARHP).

“A CCDRC recebeu, até ao momento, 1.340 pedidos de apoio, tendo sido enquadrados no PARHP 851 pedidos. Isto significa que há 489 pedidos de apoio que não tiveram acolhimento no Programa de Apoio, o que corresponde a cerca de 36,49% dos pedidos”, informa agora o organismo público, ao disponibilizar dados atualizados no seu portal.

A CCDRC explica que os principais motivos para recusar apoio foram os seguintes: “As famílias não usavam as habitações de forma permanente, as habitações não são legais do ponto de vista urbanístico e não são passíveis de legalização, a titularidade e propriedade das habitações não está regularizada, as habitações já estavam devolutas à data do incêndio”.

“Nos 851 pedidos de apoio aprovados, 26 referem-se apenas a apetrechamento de habitações. Deste modo, o Programa de Apoio prevê a reconstrução parcial ou integral de 825 habitações”, refere.

Das 825 casas a reconstruir ao abrigo do PARHP, “estão concluídas 817 habitações e estão em diferentes fases de execução 08 habitações”, contra as 30 de há um ano.

“Já foram transferidos para as famílias e para as empresas de construção mais de 57 milhões de euros”, de acordo com a CCDRC.

LUSA/HN

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