HealthNews: Para quem não sabe o que é a F Rego, pedia-lhe que nos explicasse e também que nos apresentasse a sua função na empresa, Dr. Luís Teixeira
LT – A F. Rego é um corretor com mais de 40 anos e de origem familiar, detido ainda hoje por uma estrutura 100% familiar e com uma gestão já totalmente profissional, que se dedica ao tratamento de negócios corporativos e que está diretamente presente em Lisboa, Coimbra e Porto, e também em Barcelona, em Madrid e em São Paulo, além de mais 150 países onde estamos presentes através de redes de networking com as quais trabalhamos.
Desde 2005, e capitalizando a larga experiência no setor empresarial, começámos a identificar algumas lacunas em termos de oferta seguradora no mercado. Começámos pela área da logística nesse ano, iniciamos a área agrícola em 2009 e em 2019 encontrámos uma nova lacuna no mercado que se prende com o tema das doenças graves, fundamentalmente para as crianças. Existia oferta para os adultos, mas não para as crianças.
É esta a génese da nossa atividade e do nosso negócio: identificar lacunas no mercado, seja empresarial seja de particulares, e tentar junto de soluções externas suprimir essas lacunas trazendo e distribuindo produtos no nosso mercado. Na saúde, esta é a primeira incursão que estamos a fazer, apesar de termos outras em pipeline, que estão suspensas por questões de responsabilidades civis médicas bem mais complexas do ponto de vista da regulação. Neste caso, o lançamento está feito.
HN: Disse-me que esta é a vossa primeira incursão na saúde
LT – Não, esta é a nossa primeira incursão no lançamento de um produto na saúde, pois a área da saúde representa, desde sempre, para nós, um importante volume de atividade e aposta estratégica.
HN: E qual é essencialmente a função deste seguro para doenças graves nas crianças?
LT – Em Portugal temos os chamados seguros de saúde, que respondem de uma outra forma a uma parte dos problemas que este responde; eles respondem ao tratamento quando existe; quando não existe ajudam na melhoria da qualidade de vida dos utentes. Esse é o âmbito dos seguros de saúde, onde existe já uma oferta muito ampla. Depois existe no mercado a oferta dos seguros de contingência e de vida dedicados às doenças graves para adultos. Nestes seguros, um conjunto de patologias que podem ou não ser aparentemente fatais dão direito ao pagamento imediato de um determinado valor. Esse valor pode ser utilizado em tratamento, mas se for uma doença potencialmente fatal, pode ser utilizado numa viagem ou num sonho de final de vida. Mas, acima de tudo, o que este seguro faz é dar às pessoas uma capacidade financeira que um seguro de saúde não dá, porque só permite uma comparticipação.
Para as crianças encontrámos um outro problema, que foi o motor da nossa aposta. A prevalência da diabetes nos jovens até aos 17 anos tem vindo a aumentar devido a vários fatores como os hábitos alimentares. Ora, o Estado oferece um número limitado de bombas de controlo de insulina que apenas chegam a uma pequena percentagem dos necessitados. E, nesta faixa etária, é muito difícil controlar uma criança quanto à injeção de insulina que tem que ter a cada momento, que pode levar a problemas muito mais graves. E é essa a génese do produto, que faz com que qualquer família, perante um caso de diabetes agudo, tem a capacidade imediata de, pelo menos, comprara a bomba, e ainda liberta uma fonte financeira para outro tipo de despesas com tratamentos – tudo o resto veio por arrasto. Esta é uma lacuna que existe, e que pessoas com quem falámos quando fizemos o benchmarking nos comentaram que não teriam possibilidade para comprar a bomba, que custa entre 10 a 12 mil euros. E é impossível controlar um miúdo pelas asneiras que comete, mas também pela falta de disciplina que muitos terão.
HN: E porquê fazer esta segregação entre crianças e adultos?
LT – Porque em termos de preço, o produto é muitíssimo competitivo para as crianças, de uma forma que não o é para os adultos. Portanto, na sua génese está esta preocupação com os mais novos, sendo que conseguimos responder à necessidade da família inteira.
Para as crianças falamos de um custo de 4 a 6 euros por mês, por criança. Mas para um adulto, o prémio varia entre os € 4/mensais aos 18 anos e os € 76,50 mensais aos 61 anos.
HN: E como é que se calculam estes valores?
LT – Isto tem por base aquilo que é a projeção do número de jovens com idades até aos 17 anos, o que é a projeção da capacidade de penetração de um produto como este no mercado, o retorno em termos de prémios esperados e a sinistralidade que vamos ter. É um produto que tornar-se-á tão mais eficiente quanto a sua capacidade de penetração no mercado, e vai sendo avaliado ao longo do tempo quanto aos resultados. Daqui a algum tempo volta a ser avaliado. É um processo dinâmico.
HN: Este seguro cobre doenças graves. Mas como é que se escolhe as patologias a abranger pelo seguro?
LT – As patologias foram escolhidas por nós com base na perceção de mercado, e tendo em vista a conjugação da oferta contratual da componente financeira. O foco era sempre a diabetes, e este não esteve nunca em discussão. Depois, foram aquelas que entendemos mais importantes para as famílias, e onde entendemos que o risco e a incapacidade de resposta pudesse ser maior. Por exemplo, no que diz respeito a um AVC, os serviços de saúde e o seguro de saúde tratam, mas tratam a doença no imediato, e não as doenças que dele advêm. O nosso foco passou também por ai. Isto não obsta que, para determinados universos cum uma determinada dimensão e outras caraterísticas, o produto não possa ser ajustado pontualmente, mas permite uma venda massificada a baixo custo e com umas patologias que, pelo benchmark que foi feito e pelos especialistas com que falámos, oferecem maior risco para as famílias.
HN: Falou em AVC e sei que o seguro também cobre transplantes de órgãos, poe exemplo. Estas são condições que muitas vezes provêm de outras pré-existentes. Isto tem impacto no seguro, ou ele prevê precisamente estas questões?
LT – O seguro, tal como um seguro de vida e um seguro de saúde, que acaba por ser uma mistura dos dois, garante todas as patologias futuras, ou pelo menos que não fossem diagnosticáveis à data da sua compra, porque muitas delas se vão agravando ao longo do tempo e podem agravar-se mais tarde, embora já estejam presentes de nascença. Mas tudo o que não é conhecido à data estará garantido no âmbito da patologia. E esta é uma regra geral, quer nos seguros de vida quer nos de saúde.
HN: E em caso de diagnosticada uma das patologias cobertas, quanto tempo demora a a família a receber o dinheiro?
LT – Entre o diagnóstico e o pagamento teremos um período de 1 a 2 meses, dependendo ou não da recuperação da doença. Isto é um fator importante. Se tenho um diagnóstico tenho um período de 60 dias onde o agregado familiar ou o responsável pela criança recebe a verba.
HN: E porquê este período de espera?
LT – É o período necessário para que a documentação seja rececionada pelos serviços clínicos, para que seja analisada, para que seja feito o enquadramento no diagnóstico e para que seja feito o pagamento.
Se fizermos aqui um comparativo com os seguros de saúde, quando vamos fazer uma intervenção cirúrgica, entre o médico pedir autorização para a intervenção e a seguradora pagar vão entre duas a três semanas. Com o nosso produto passa-se algo semelhante: trata-se de um prazo de 30 dias, que, sendo cautelosos, indicamos sempre como entre 30 a 60, porque pode envolver fins-de-semana ou períodos de férias em que tudo se torna mais demorado, e por isso utilizamos esta salvaguarda.
HN: Este é o único seguro para doenças graves no mercado?
LT – À data, pela informação de que disponho, este é o único seguro do género para menores que pode ser contratado isoladamente, individualmente e livremente no mercado. Com esta cobertura, existem outros com regras diferentes mas para o mesmo universo, associados a outros serviços, numa ótica de serviços agregados, como maneira de comercializar cartões. Pode haver num cartão de um clube ou num cartão financeiro algumas componentes semelhantes às deste seguro.
Agora, a possibilidade de as famílias adquirirem o produto de forma isolada, para este segmento mais jovem, a informação que temos à data de hoje é que não existe. Existe para os adultos, mas aí entramos na questão tarifária e na possibilidade do agregado familiar estar garantido como um todo.
HN: Quando é que o seguro foi lançado e como é que tem sido recebido?
LT – Foi lançado no dia 12 de setembro, e começaram a ser vendidas apólices a partir de dia 2 de outubro. A nossa rede de distribuição foi formada também no dia 2 e nas semanas que se seguiram tivemos ações de formação para a distribuição, por forma a que tenhamos uma cobertura nacional, e temos tido contactos de organizações ligadas à saúde infantil preocupadas com a temática. Estamos a ter uma recetividade muito boa por parte do mercado em resposta à comunicação que fizemos, que foi essencialmente no LinkdIn, no Twitter e num ou outro órgão de comunicação social. Também a recetividade de entidades como ONG, ligadas a cuidados de saúde e ao segmento mais jovem tem sido muito boa.
HN: E quais são as perspetivas?
LT – A três anos esperamos ter entre 50 a 80 mil adesões. É este o nosso plano e a nossa conceção, mas quando desenvolvemos o produto não sabíamos que tínhamos uma pandemia pela frente… A pandemia, possivelmente, irá despertar atenções a uns níveis e conter investimentos noutros, e poderá ter dois efeitos completamente contrários sobre o produto. Mas acreditamos que estas metas são possíveis graças ao custo, que é realmente baixo e permitirá a massificação do produto.
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