A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador e de controlo sanitário do Brasil, relatou, em comunicado, que foi notificada da morte na segunda-feira, mas recusou-se a detalhar se a vítima tomou a vacina ou um placebo, alegando “compromissos de confidencialidade ética”.
Contudo, apesar de a Anvisa não confirmar, uma fonte ligada ao consórcio que realiza os testes afirmou que a vítima mortal, um médico de 28 anos, do Rio de Janeiro, integrava o grupo de voluntários que tomava o placebo, e não o imunizante contra a Covid-19, segundo a revista Veja.
A Anvisa indicou ainda que o comité internacional que acompanha o caso sugeriu o prosseguimento dos testes da vacina.
“É importante ressaltar que, com base nos compromissos de confidencialidade ética previstos no protocolo, as agências reguladoras envolvidas recebem dados parciais referentes à investigação realizada pelo Comité Internacional de Avaliação de Segurança, que sugeriu pelo prosseguimento do estudo. Assim, o processo permanece em avaliação”, indicou o órgão em comunicado.
De acordo com a imprensa local, o jovem médico, que atuava na linha da frente de combate à pandemia, morreu devido a complicações da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
Em conferência de imprensa na tarde de hoje, o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra, lamentou a morte do brasileiro, mas negou-se a prestar mais detalhes sobre o caso.
“Está prevista uma confidencialidade ética em relação a tudo que envolve os voluntários de testes. Daí a escassez, neste momento, de maiores detalhes. Em 19 de outubro tivemos a comunicação oficial do comité internacional independente relatando o ocorrido e relatando, ao mesmo tempo, a possibilidade de prosseguimento dos estudos, diferentemente da interrupção anterior. No momento, os testes prosseguem”, disse Barra.
No início de setembro, a farmacêutica AstraZeneca suspendeu os testes da fase final desta mesma vacina, que está a desenvolver em parceria com a Universidade de Oxford, após uma suspeita de reação adversa séria num participante do estudo.
Na ocasião, em 08 de setembro, a AstraZeneca frisou que se trata de “uma ação de rotina, que deve acontecer sempre que houver uma doença potencialmente inexplicada num dos ensaios, enquanto ela é investigada”, de forma a garantir que é mantida “a integridade dos ensaios”.
Contudo, cerca de uma semana depois, os testes acabaram por ser retomados em todo o mundo.
A vacina da AstraZeneca/Oxford é uma das principais apostas do Brasil contra a Covid-19, país onde já foram vacinados aproximadamente oito mil voluntários nos testes deste imunizante.
O executivo brasileiro prevê ter disponíveis cerca de 100 milhões de doses dessa vacina no primeiro semestre de 2021.
Num cronograma apresentado na semana passada, o Ministério da Saúde brasileiro indicou que os resultados da fase de testes da vacina AstraZeneca/Oxford devem ser finalizados em novembro.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (mais de 5,2 milhões de casos e 154.837 óbitos), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 40,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
LUSA/HN
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