“O confinamento é apenas uma forma de forçar o cumprimento das medidas, como para evitar que as pessoas se cruzem, o que é semelhante a dizer que deve haver distanciamento físico, e é uma medida de último recurso que só deve ser implementada quando se verificar que outras medidas não funcionam”, argumenta o diretor do departamento de Vigilância do ECDC, Bruno Ciancio, em entrevista à agência Lusa.
Para o especialista, “as medidas adotadas devem ser guiadas pelos dados disponíveis” e se “os países notam que alguns setores estão a causar mais infeções, então faz sentido adotarem medidas relativamente a esses locais”, em vez de aplicarem restrições mais generalizadas.
Numa altura de aumento exponencial de infeções na Europa e em que algumas regiões ou países enfrentam confinamentos parciais – como é o caso da capital belga, Bruxelas, ou da Holanda -, Bruno Ciancio defende que esse tipo de restrições devem ser “localizadas e limitadas no tempo”.
“Não julgamos que um confinamento generalizado seja uma intervenção recomendável de momento porque tem um enorme impacto na população, incluindo na saúde das pessoas”, sustenta o especialista.
Além disso, continua, “a experiência mostra que há outras medidas que funcionam e que medidas básicas devem ser implementadas a longo prazo”.
“Temos de continuar a recomendar o uso de máscara, de adotar o teletrabalho sempre que possível, temos de evitar contactos físicos no interior e de seguir medidas de higiene e, claro, se alguém tem sintomas deve ficar em casa”, precisa Bruno Ciancio.
São este tipo de medidas que o ECDC defende que devem continuar a aplicar-se aos estabelecimentos de ensino, afastando um encerramento das escolas por causa do novo coronavírus.
“Não classificamos as escolas como um fator para desencadear um aumento dos casos e, por outro lado, damos bastante importância ao papel das escolas para as crianças e para as suas famílias”, diz o especialista.
Assim sendo, “na medida do possível, não recomendamos o fecho de escolas, dizemos antes que o fecho de escolas só é necessário se houver muitos focos de transmissão e se se tornar impraticável ir à escola e isso acarretar riscos acrescidos para familiares”, acrescenta Bruno Ciancio.
Mais do que relativamente às escolas, “a nossa maior preocupação é a transmissão na comunidade, que irá afetar mais severamente os idosos e pessoas com outras doenças associadas”, justifica o responsável.
Sediado na Suécia, o ECDC tem como missão ajudar os países europeus a dar resposta a surtos de doenças.
Em todo o mundo, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 43,5 milhões de casos de infeção.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
LUSA/HN
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