“Espero que o Governo assuma, desta vez, as responsabilidades relativamente às despesas diretas e encargos permanentes dos estabelecimentos, que por decreto do Governo, ficaram impedidas de funcionar. Relativamente às outras [empresas] que abriram terão de ser compensadas pelas quebras e danos comparativamente com o período homologo do ano anterior”, afirmou o presidente da ABZHP, António Fonseca, em declarações hoje à Lusa.
Na missiva, que seguiu na segunda-feira, a associação refere que a reunião pretende “analisar a atual situação do setor, bem como o seu futuro, o qual se prevê ser dramático com consequências nefastas e irreparáveis”, avaliando soluções e a implementação de medidas compensatórias que evitem o fim do setor.
“Neste momento já não está em causa abrir ou não abrir. Esqueçam lá a abertura, esqueçam a DGS [Direção-geral da Saúde], queremos é que os senhores [o Governo] paguem não só aos que estiveram fechados, como digam como é que vai ser o futuro”, assinalou, lembrando que só no Porto, há pelo menos 20 discotecas que nunca mais abriram portas desde março.
António Fonseca salienta que face à evolução da pandemia e à implementação de medidas mais restritivas, a angústia vivida pelos profissionais do setor agravou, perante a incerteza do quanto à reabertura dos bares e discotecas.
Na última semana, avança o dirigente, vários bares fecharam temporariamente, não sabendo, no entanto se vão voltar a abrir portas.
Fonseca recorda que os estabelecimentos que se adaptaram para outro tipo de atividade e que abriram portas no verão não conseguiram recuperar as perdas decorrentes da decisão do Governo de decretar o encerramento da atividade, e que em alguns casos atingem os 90%.
Enquanto isto, as festas privadas continuam a realizar-se sem que as forças de segurança atuem, denunciou o dirigente e presidente da União de Freguesias do Centro Histórico do Porto,
“Uma coisa é certa, as festas privadas continuam a acontecer no Centro histórico do Porto, e sem a polícia fazer o seu dever. As festas privadas continuam a acontecer nas barbas das autoridades. Não estamos a ver medidas eficazes no que concerne à fiscalização”, lamentou, insistindo na necessidade do reforço da atuação da polícia.
O autarca teme ainda que o encerramento dos bares e discotecas conduza a um abandono e à vandalização do edificado, como já está a acontecer em algumas zonas da baixa da cidade, nomeadamente na ‘Movida’.
“A reunião com o secretário de Estado tem um objetivo: queremos que o apoio a fundo perdido seja decidido de uma vez por todas e segundo queremos saber qual vai ser o futuro, o que é que o governo desta vez está a pensar tendo em conta que chegou a criar expectativas e que essas expectativas foram defraudadas, até pela evolução da pandemia”, insistiu.
António Fonseca adiantou ainda que não obteve qualquer resposta aos pedidos de reunião que tem vindo a solicitar a DGS.
“Nem se dá ao luxo de uma resposta automática. Enquanto o governo responde, a DGS, de março para cá nunca se dignou a assinalar a receção dos pedidos de reunião. Isto é a prova evidente que a DGS está em más mãos”, disse.
Em outubro, a Associação de Bares da Zona Histórica do Porto lançou uma petição pela criação de um apoio financeiro do Estado para salvar empresas e trabalhadores do setor, tendo sido subscrita até às 11:40 por 2.945 pessoas.
No texto, a associação defende que o apoio a conceder deve revestir a forma de subvenção não reembolsável.
LUSA/HN
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