Estudo revela que fisioterapeutas estão em exaustão física e fadiga psicológica

12 de Novembro 2020

Um estudo realizado por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), que envolveu 511 fisioterapeutas, concluiu que mais de 40% destes profissionais estão “em situação de exaustão física e fadiga psicológica” devido à pandemia.

Em comunicado, a FMUP explica hoje que o estudo, que envolveu também investigadores do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) e da Escola Superior de Educação do Politécnico do Porto, visava avaliar o impacto da Covid-19 nestes profissionais de saúde ao nível da depressão, ansiedade e ‘burnout’.

Dos 511 fisioterapeutas que participaram no estudo, que teve por base um questionário ‘online’, mais de metade tratam doentes presencialmente, 35% estão em serviços de internamento e 18% trabalham diretamente com doentes infetados com Covid-19.

Citada no comunicado, Cristina Jácome, investigadora da FMUP e do CINTESIS, afirma que a Covid-19 “expôs a importância vital dos fisioterapeutas na reabilitação dos doentes, desde a fase aguda até ao acompanhamento a longo prazo”.

“Importava, por isso, perceber como se encontravam os fisioterapeutas do ponto de vista psicoemocional”, sublinha a investigadora.

No questionário, 42% dos fisioterapeutas afirmaram estar em ‘burnout’, “uma percentagem superior à de outros estudos nacionais e internacionais que apontam para 10 a 30%”, refere a FMUP.

Para os investigadores, tal fenómeno pode ser explicado pelo “envolvimento em situações de trabalho emocionalmente exigentes” e por uma “menor capacidade de adaptação ao ‘stress’ do contacto com doentes com Covid-19”.

“Quando tentámos compreender que características estavam a contribuir para o estado de fadiga e exaustão, verificámos que os fatores mais relevantes eram uma menor resiliência, níveis mais elevados de depressão, de stress e reabilitar doentes com Covid-19”, explica a Cristina Jácome, que além de investigadora é fisioterapeuta.

Associados a estes fatores podem também estar outros problemas, nomeadamente dificuldades económicas, menor produtividade, redução da qualidade dos cuidados de saúde prestados e o aumento do tempo necessário para a recuperação dos doentes “com todas as consequências que daqui advêm para o Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, alerta a investigadora.

Por esse motivo, Cristina Jácome considera ser essencial e “urgente” que se implementem estratégias de mitigação para promover a saúde dos fisioterapeutas para garantir a qualidade dos serviços prestados.

A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.275.113 mortos em mais de 51,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 3.103 pessoas dos 192.172 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

A má comunicação pode ser agressiva ao cidadão?

Cristina Vaz de Almeida: Presidente da Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde; Doutora em Ciências da Comunicação — Literacia em Saúde. Presidente da Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde. Diretora da pós-graduação em Literacia em Saúde. Membro do Standard Committee IHLA — International Health Literacy Association.

Crise de natalidade no Japão atinge o seu pico

O Japão registou, em 2024, a taxa de natalidade mais baixa de sempre, segundo estimativas governamentais e, no momento em que a geração “baby boom” faz 75 anos, o país confronta-se com o “Problema 2025”, segundo especialistas.

Cientistas detectam genótipos cancerígenos de HPV em esgotos urbanos

Cientistas uruguaios identificaram genótipos de HPV ligados ao cancro do colo do útero em águas residuais urbanas, sugerindo que a monitorização ambiental pode reforçar a vigilância e prevenção da doença em países com poucos dados epidemiológicos.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights