Associação diz que instabilidade das medidas do Governo está a desgastar a restauração

13 de Novembro 2020

O presidente executivo da Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo (APHORT) considerou esta sexta-feira que a instabilidade das medidas do Governo está a desgastar os empresários do setor da restauração, que estão a começar a “deixar cair os braços”.

“Nós estamos a ter alterações de regras todas as semanas e ontem [quinta-feira] foi um episódio mais deste processo. Isto está a criar um desgaste muito grande no setor, são feridas permanentes que se abrem e é, de facto, muito mau”, considerou António Condé Pinto, em declarações à agência Lusa, referindo-se às declarações do primeiro-ministro, no final do Conselho de Ministros de quinta-feira, em que ficou claro que, nos próximos dois fins de semana, os restaurantes só podem funcionar a partir das 13:00 para entrega ao domicílio e não para ‘take away’.

“As declarações ontem foram profundamente reveladoras, na medida em que, na véspera, o senhor primeiro ministro tinha dado a possibilidade aos restaurantes de fazerem o serviço de ‘take away’, e, portanto, esta mudança em 24 horas foi muito reveladora, até porque os restaurantes estavam a preparar-se para aproveitar essa oportunidade”, apontou o presidente executivo da APHORT.

Para o responsável, aconteceu mais “o que tem acontecido ao longo das últimas semanas e meses, que é uma grande instabilidade e imprevisibilidade por parte das medidas que o Governo toma”.

“Tudo isto está a cansar as pessoas, [a confusão das medidas] mais a falta de recursos, as receitas a caírem, começa a ser muito difícil e nota-se uma certa desmoralização já em muitos empresários, que também acho preocupante, porque nós precisávamos de estar todos muito unidos para vencer isto”, acrescentou, dizendo sentir que os empresários estão a começar a “deixar cair os braços”.

“Nós estamos muito focados sempre no presente, mas nós temos de ter a consciência que temos pela frente, provavelmente, quatro ou cinco meses, um inverno e uma primavera muito duros e nós não podemos andar de semana em semana nesta confusão e nesta instabilidade”, sublinhou.

Relativamente ao apoio de 20% da receita perdida na restauração para os concelhos abrangidos pelo estado de emergência nos dois próximos fins de semana – que pode ser pedido a partir de dia 25 – o responsável da APHORT referiu que a medida tem como referência “a média dos últimos fins de semana deste ano, uma boa parte dos quais [os restaurantes] estiveram fechados”, baixando, assim, as expectativas dos empresários quanto ao apoio.

A APHORT considera, ainda, que é necessário preparar um plano para as empresas que vão fechar portas.

“O Governo sabe, todos nós sabemos, que há milhares e milhares de empresas que vão fechar, e vão fechar não é porque são piores do que as outras que vão sobreviver, vão fechar, muitas delas, porque, por exemplo, estão no sítio errado, e é preciso criar um programa especial de falência, simplificação de falências, que ajude estas pessoas a sair do negócio com dignidade e sem ficar na miséria”, defendeu António Condé Pinto.

O Governo ordenou o encerramento do comércio e restauração às 13:00 nos dois próximos fins de semana e a abertura dos estabelecimentos só pode ocorrer a partir das 08:00, conforme anunciou, na quinta-feira, o primeiro-ministro, António Costa.

“A regra é tudo fechado às 13:00”, disse o chefe do Governo em conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros, referindo-se aos concelhos com risco elevado de contágio de Covid-19, que vão aumentar de 121 para 191 a partir de segunda-feira.

Os restaurantes só podem funcionar a partir das 13:00 para entrega ao domicílio, disse o primeiro-ministro.

António Costa anunciou ainda que haverá um apoio de 20% da perda de receitas dos restaurantes nos dois fins de semana face à média dos 44 fins de semana anteriores (de janeiro a outubro 2020).

Fora da obrigatoriedade de fechar a partir das 13:00 e de abrir apenas a partir das 08:00 estão as farmácias, clínicas e consultórios, veterinários, estabelecimentos de venda de bens alimentares com porta para a rua até 200 metros quadrados, bombas de gasolina, padarias e funerárias.

A lista de concelhos com risco elevado de transmissão da Covid-19, sujeitos a medidas mais restritivas como o recolher obrigatório, vai aumentar na próxima segunda-feira para 191.

LUSA/HN

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