Gonçalo Proença Coordenador Unidade de Cardiologia do Hospital de Cascais Cardiologista no Hospital Lusíadas Lisboa

As contas da Fibrilhação Auricular: cinco vezes mais risco de AVC isquémico, três vezes de insuficiência cardíaca e duas vezes de demência

11/18/2020

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As contas da Fibrilhação Auricular: cinco vezes mais risco de AVC isquémico, três vezes de insuficiência cardíaca e duas vezes de demência

18/11/2020 | Opinião

A Fibrilhação Auricular (FA) é a arritmia cardíaca mais frequente em todo o mundo, estando associada a um risco cinco vezes superior de Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquémico, três vezes de insuficiência cardíaca e duas vezes de demência.

O diagnóstico precoce da FA e o seu tratamento atempado são fundamentais para a prevenção destas complicações e manutenção de uma boa qualidade de vida.

 

A Fibrilhação Auricular (FA) é a arritmia cardíaca mais comum em todo o mundo. Além de poder condicionar de forma significativa a qualidade de vida das pessoas pode estar na origem de inúmeras co-morbilidades, tais como o acidente vascular cerebral, a insuficiência cardíaca ou a demência.

 

A Fibrilhação Auricular manifesta-se geralmente com uma sensação de batimentos descoordenados do coração, pulsação rápida e irregular, cansaço fácil, dificuldade em respirar sensação de aperto no peito e por vezes por tonturas, sensação de desmaio ou mesmo perda do conhecimento. Infelizmente contudo também pode ser “silenciosa”, cursando sem sintomas o que leva a que, não raramente, o seu diagnóstico seja tardio, muitas vezes já no contexto de alguma complicação grave. Uma das mais temíveis é o Acidente Vascular Cerebral que é 5x mais frequente na presença desta arritmia. Sabemos que a FA é responsável por 20 a 30 % dos acidentes vasculares cerebrais isquémicos (AVCs) e que estes são habitualmente AVC´s extensos, com sequelas graves e mortalidade significativa. Logo, é importante estar alerta, sobretudo a partir de determinada idade. Estima-se que um em cada dez portugueses com mais de 65 anos desenvolve esta arritmia e que a partir dos 40 anos de idade a prevalência na população portuguesa ronde os 2,5 %.

 

Ainda que o diagnóstico precoce seja fundamental para um bom controlo desta arritmia e para evitar possíveis complicações, é importante não descurar a importância de outros factores de risco cardiovasculares como o peso, a tensão arterial ou o colesterol, promovendo uma alimentação equilibrada, a prática de exercício físico regular e a avaliação do ritmo cardíaco e das pulsações. Medir a pulsação através da palpação de uma artéria do pulso é uma manobra muito simples e que pode ser ensinada a todos em poucos minutos.

 

Em termos de terapêutica, à semelhança do que se passa no resto da Europa, em Portugal, as normas aconselham a maioria dos doentes a tomar um anticoagulante oral, preferencialmente um dos chamados anticoagulantes orais novos ou directos. Tratam-se de medicamentos muito eficazes na redução do risco de AVC e seguros, com baixo risco de hemorragias graves, e com poucas interacções relevantes com outros medicamentos. Estes “novos” fármacos vieram transformar radicalmente a anticoagulação. O que durante décadas foi complexo e exigente em termos de controlo laboratorial e vigilância médica, o que resultava em períodos longos de ausência de protecção adequada, simplificou-se muito permitindo que os doentes sejam eficazmente tratados sem que tal implique modificações significativas aos seus hábitos ou rotinas diárias facilitando assim uma boa adesão à terapêutica. A protecção segura e acrescida conferida por estes fármacos já teve impacto em termos de indicadores, sendo um dos principais responsáveis pela redução do número de AVC´s observada no nosso País nos últimos anos. Uma nota contudo: facilidade de utilização não deve ser confundida com “facilitismo” não se devendo descurar as consultas periódicas com o seu médico nem menor rigor no cumprimento da prescrição. Por exemplo, se falharmos a toma, o  efeito protector perde-se em poucas horas o que significa que ficamos novamente expostos a um risco elevado de AVC.

 

 

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