Abordagem da obesidade é um das dificuldades dos profissionais

20 de Novembro 2020

Para garantir um melhor tratamento da obesidade a Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO) e a Novo Nordisk lançam um novo guia de auxílio aos profissionais desta área. Baseado em conclusões científicas o guia será apresentado no dia 21 de Novembro no  24.º Congresso Português de Obesidade, que se realiza durante todo o mês de Novembro, e ficará disponível no espaço de exposição virtual da Novo Nordisk e no site da SPEO.

De acordo com um estudo realizado pela Novo Nordisk cerca de 68% das pessoas com obesidade reconhecem-na como uma doença. No entanto, 81% destas considera que a perda de peso é da sua inteira responsabilidade.

Relativamente ao comportamento do doente, o estudo ACTION IO conclui que em média, demora seis anos para que a pessoa com obesidade aborde pela primeira vez o assunto com o seu médico e 68% admite que gostaria que o seu médico iniciasse a conversa sobre o peso.

No estudo foi possível verificar que 71% dos médicos não inicia a conversa sobre o peso porque acreditam que as pessoas com obesidade não estão interessadas em perder peso, apesar de apenas 7% destes referir ter sido essa a razão para não iniciar a conversa.

Depois de analisar os desafios que os profissionais da área da obesidade enfrentam no diálogo com o doente, a SPEO e a Novo Nordisk lançam este guia de 5 passos que procura ajudar os profissionais de saúde nas consultas de obesidade.

Em primeiro lugar, o guia aponta para a abordagem da doença “de forma apropriada”. “Para além de pedir permissão para começar a conversa  sobre o peso, o profissional de saúde deve ter sempre uma abordagem positiva e motivacional com o doente.”

Em segundo lugar é necessário diagnosticar o doente para poder escolher o tratamento que melhor se adequa ao doente. “Neste processo é fundamental avaliar o perímetro da cintura, para determinar possíveis riscos de saúde como o risco cardiovascular, e determinar o índice de massa corporal (IMC).”

O terceiro passo fulcral neste processo é o conversar com o doente sobre as causas da doença e os riscos associados.

“De acordo com vários estudos, as conversas bem-sucedidas entre profissionais de saúde e os seus doentes ajudam a obter mais sucesso na perda de peso. Um dos pontos chave é clarificar que a obesidade não é culpa do doente e ajudá-lo a compreender que o peso é influenciado por fatores genéticos, ambientais e hormonais. Nesta parte, o profissional de saúde deve também conseguir explicar ao doente os riscos de saúde associados à obesidade e como uma perda de peso de 5% a 10% pode melhorar a saúde e reduzir o risco de comorbilidades.”

No penúltimo passo temos a fase mais importante, o tratar. Uma vez que a obesidade é uma doença crónica, o seu tratamento deve ter como objetivo melhorar adicionalmente as complicações relacionadas, a saúde no geral e a qualidade de vida do doente. Uma das principais medidas de primeira linha a tomar é a modificação do estilo de vida, através de uma alimentação saudável e equilibrada, juntamente com o exercício físico. No entanto, alterar o estilo de vida nem sempre é suficiente para a perda e manutenção do peso.

O último passo consiste em acompanhar o percurso do doente, uma vez que consultas regulares podem ter um impacto significativo no controlo do peso. “Nesta fase, deve ser feita uma avaliação da evolução através do controlo do peso e valor de IMC. O profissional de saúde deve explicar ao doente que prevenir o reganho de peso é fundamental para o controlo do peso a longo prazo. É igualmente fundamental  a realização de consultas regulares para apoiar o doente ao longo de todo o processo de perda e manutenção do peso.”

Para a Presidente da SPEO, Paula Freitas, estes cinco passos vão servir como ferramentas “muito úteis para que encontrem as melhores formas de gerir todo o processo de uma consulta de obesidade, com especial atenção à parte emocional. A obesidade é uma doença crónica particularmente sensível porque implica diretamente com a autoestima e o bem-estar  do doente, por isso os médicos devem ter estes aspetos em consideração desde a abordagem inicial e durante o longo processo de acompanhamento.”

“É fundamental que os profissionais de saúde percam o receio de abordar o problema da obesidade em qualquer  consulta e tentem acelerar o processo de diagnóstico e tratamento de uma forma holística e multidisciplinar”, conclui.

PR/HN/Vaishaly Camões

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Assaltada base da ambulância de emergência do INEM na Maia

A base da ambulância de emergência médica da Maia do INEM foi assaltada hoje, tendo sido roubados um computador e peças de fardamento do instituto, disse à Lusa fonte o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH).

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights