Centro europeu de doenças alerta para “grandes riscos” de propagação no Natal

4 de Dezembro 2020

 O Centro Europeu para Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) alertou esta quinta-feira para “riscos adicionais significativos” das festividades de fim de ano, como o Natal, notando que o aumento das infeções de Covid-19 é “muito provável” nesta época.

“A probabilidade de infeção com SARS-CoV-2 durante a próxima época festiva de fim de ano é considerada muito elevada tanto para a população em geral como para os indivíduos vulneráveis”, avisa o ECDC num relatório hoje divulgado sobre o risco de transmissão da Covid-19 relacionado com a época festiva de fim de ano.

No documento, esta agência europeia aponta que as restrições adotadas pelos Estados-membros da União Europeia (UE) nas últimas semanas levaram a uma “tendência geral decrescente na taxa de notificação” de novos casos, nomeadamente em Portugal.

Porém, “a transmissão da SARS-CoV-2 na UE, Espaço Económico Europeu e no Reino Unido permanece elevada em comparação com os baixos níveis observados durante o verão”, observa o ECDC, falando em “riscos adicionais significativos para uma transmissão intensificada” durante o Natal e passagem de ano.

Isto porque “a época festiva de fim de ano está tradicionalmente associada a atividades tais como reuniões sociais, compras e viagens” e, além disso, existe um “fator agravante” relacionado com a “fadiga pandémica”, em que “algumas pessoas estão desmotivadas a seguir as medidas de proteção recomendadas, especialmente durante este período”.

O centro europeu deixa, por isso, um aviso reforçado aos países: “Levantar as medidas [restritivas] demasiado cedo resultaria num aumento de casos e hospitalizações e isto seria particularmente rápido se as medidas fossem levantadas abruptamente”.

Tal como já tinha antecipado no anterior relatório com projeções a curto prazo sobre a evolução da situação epidemiológica na UE, o ECDC volta a alertar que o relaxamento total das restrições para a Covid-19 no Natal iria provocar um aumento dos internamentos na “primeira semana de janeiro”.

O centro europeu insiste, por isso, que “qualquer adaptação das medidas deve ser feita de forma direcionada, proporcional e coordenada, de acordo com a epidemiologia prevalecente e a vulnerabilidade da população ao nível a que as medidas são aplicadas”.

“Estas medidas devem ser claramente comunicadas a fim de mitigar o risco de aumento da transmissão durante o fim do ano, tendo ao mesmo tempo em conta o impacto social, pessoal e económico para a população”, acrescenta.

Tendo por base as recomendações divulgadas na quarta-feira pela Comissão Europeia, o ECDC aconselha, assim, ao “cancelamento ou limitação da dimensão e duração de reuniões e eventos sociais, a alternativas ‘online’ sempre que possível e à realização de ajuntamentos apenas no seio dos agregados familiares”.

Ao mesmo tempo, segundo o ECDC, devem ser implementadas as chamadas “bolhas sociais”, isto “antes e durante a época festiva”.

O ECDC pede, ainda, um “reforço das capacidades de teste, isolamento de casos e rastreio de contactos”.

Por seu lado, entende que “as restrições às viagens internacionais e os testes sistemáticos e a quarentena dos viajantes não são recomendados na atual situação epidemiológica”.

Esta semana, o executivo comunitário lançou a estratégia “Ficar a salvo da Covid-19 durante o inverno”, no âmbito da qual a instituição aconselhou aos Estados-membros a estipularem um número máximo de pessoas por ajuntamento, incentivarem as “bolhas domésticas” para passar as festividades e sugerirem celebrações ‘online’.

A Comissão Europeia instou, ainda, quem queira viajar nas próximas semanas a vacinar-se contra a gripe sazonal.

A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.507.480 mortos resultantes de mais de 65,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo.

LUSA/HN

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