É a primeira vacina para o poliovírus de tipo 2, está na segunda fase dos ensaios clínicos, em que participaram 1.200 pessoas, e mostrou ser segura e gerar imunidade em adultos e crianças, com maior estabilidade genética e menos probabilidade de se transformar numa forma do vírus que pode causar paralisia, como a tradicionalmente usada, a Sabin, tomada por via oral.
A Organização Mundial de Saúde recomendou a ‘nOPV2’ para uso de emergência, a primeira vez que uma vacina passou por esse crivo daquela agência das Nações Unidas, que pretende uma nova forma de conter surtos que se verificaram no Afeganistão, Paquistão, Filipinas, Malásia e outros países.
A poliomielite é uma doença viral altamente infecciosa que afeta principalmente crianças com menos de cinco anos. Cerca de 0,5% dos infetados fica paralisado e destes, 5% a 10% morre por paralisia dos músculos respiratórios.
“Potencialmente, milhões de pessoas não têm imunidade ao vírus que deriva da vacina, que surge quando o vírus vivo enfraquecido presente nas vacinas orais muda e recupera a capacidade de infetar, provocar doença e disseminar-se em comunidades com baixas taxas de vacinação”, afirmou o principal autor do estudo sobre os testes em adultos, Pierre Van Damme, da universidade belga de Antuérpia.
Antes de serem suspensas por causa da pandemia da Covid-19, as campanhas de vacinação quase tinham conseguido a erradicação da poliomielite em todo o mundo, com uma diminuição de 99% dos casos desde 1988: de 350 mil casos para apenas 33 verificados em 2018.
A vacina oral é usada em países de baixos e médios rendimentos por causa do seu baixo custo e facilidade de uso: cada toma precisa apenas de duas gotas e garante imunidade intestinal, que diminui a taxa de transmissão em condições de falta de instalações sanitárias.
Na maior parte dos países mais ricos, a vacina é intravenosa e utiliza vírus inativo que não provoca a doenças, mas não garante imunidade intestinal.
Os esforços para erradicar a poliomielite têm-se centrado em acabar com surtos do poliovírus derivado da vacina oral, responsáveis por 90% dos casos.
O responsável pelo estudo no ramo infantil dos testes clínicos, Ricardo Rüttimann, duma organização não governamental norte-americana dedicada a combater doenças em países pobres, afirmou que os resultados mostram que a vacina é “segura, bem tolerada e gera imunidade em crianças”.
“Para erradicar todas as formas de poliomielite, os países têm que melhorar as campanhas habituais e suplementares de vacinação para garantir que chegam a crianças suficientes para fortalecer suficientemente a imunidade da população, para que o vírus já não consiga sobreviver”, afirmou.
Os autores dos estudos reconhecem algumas limitações na investigação, considerando que a amostra de 1.200 pessoas obriga a que se reúna mais informação sobre a segurança e imunidade a longo prazo.
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